João de Deus: saques de R$ 35 milhões são rastreados por Coaf
ABADIÂNIA (GO) - A informação de que João Teixeira de Faria, o médium João de Deus, fez saques de R$ 35 milhões às vésperas da decretação de sua prisão preventiva — revelada pelo GLOBO na tarde de sábado, dia 15 — foi repassada aos investigadores do caso pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O dado foi obtido pelo GLOBO neste domingo, 16, por meio dos próprios investigadores. O Conselho recebe notificações de bancos sobre movimentações atípicas.
Foi esse mesmo órgão, o Coaf, que identificou movimentações financeiras suspeitas entre o ex-assessor Fabrício Queiroz e a família do presidente eleito Jair Bolsonaro , no dia 7 deste mês.
Os saques de João de Deus foram feitos em vários bancos diferentes — ainda não esta claro quantos. O acesso a esse tipo de informação pelo Coaf é costumeiro e ainda não caracteriza quebra de sigilo bancário. No entanto, existe a possibilidade de o órgão pedir a quebra, o que pode resultar em informações detalhadas sobre a movimentação bancária do médium nos próximos dias.
Segundo os investigadores das forças-tarefas que atuam no caso, assim que eles souberam desses saques de altos valores, foi acelerado o pedido de prisão contra o médium. O pedido foi feito pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de Goiás.
As forças-tarefas já realizaram buscas em mais de 30 endereços de Goiás, à procura, sem sucesso, do paradeiro de João de Deus.
Forte hipótese de fuga do país
Os investigadores acreditam que os R$ 35 milhões retirados de contas vinculadas ao nome de João Teixeira de Faria no último dia 12 possam ser usados para bancar sua fuga. Outra hipótese levantada é que a remessa de dinheiro seja utilizada, ao menos em parte, para pagar advogados que atuam em sua defesa.
As primeiras denúncias de que o médium vivo mais popular do Brasil teria abusado sexualmente de mulheres vieram à tona há nove dias em reportagens do GLOBO e no programa da TV Globo "Conversa com Bial" . Eram 12 as mulheres que o acusavam então, mas, desde que essas denúncias surgiram, mais de 300 pessoas denunciaram João de Deus ao Ministerio Público de Goiás.
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