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Hospital A.C. Camargo faz acordo com Governo de SP para manter atendimento no SUS

Por Folha de São Paulo

18/08/2022 15h35 — em
Brasil


Foto: Divulgação/ Ascom

O estado de São Paulo vai disponibilizar financiamento complementar ao hospital A.C. Camargo para que a entidade continue atendendo pacientes do SUS pelos próximos anos, anunciou nesta quinta (18) o governador Rodrigo Garcia (PSDB).

A notícia foi dada no Palácio dos Bandeirantes, após encontro com diretores do hospital, que é referência no tratamento de câncer. O governador, contudo, não detalhou os valores que serão repassados e informou apenas que a verba será tema de futuras reuniões.

"O Victor [Victor Pereira de Andrade, CEO do hospital] sai daqui com a tranquilidade de que, seja com recursos da prefeitura, seja com recursos complementados pelo estado, como fazemos em quase todos os hospitais filantrópicos, o A.C. Camargo vai ter sustentabilidade financeira para continuar seu atendimento. Os recursos saem do orçamento do estado ou da prefeitura. O importante é que o convênio está garantido até dezembro e está garantida sua renovação", afirmou o governador.

O hospital havia decidido que deixaria de atender os pacientes do SUS a partir de dezembro, conforme antecipado pelo jornal Folha de S.Paulo. A justificativa da entidade para a medida era a defasagem na tabela SUS, que estipula o repasse do governo federal para consultas e procedimentos.

"O A.C. Camargo tem os equipamentos mais modernos, os melhores profissionais, tudo isso para poder atender a população privada, gerar recursos e poder aplicar esses recursos em um ambiente público. A oncologia é uma especialidade muito cara, mais do que as demais", afirmou Andrade.

Na entrevista, Rodrigo Garcia lembrou que o governo já havia investido no hospital em outros momentos, como na cessão de terreno, e disse que iniciou o diálogo com a prefeitura sobre a possibilidade de somar orçamentos quando o A.C. Camargo divulgou a decisão de encerrar o serviço.

A proposta é que o hospital continue os atendimentos e, a partir de dezembro, centre seus esforços nos casos mais complexos. "É uma satisfação grande saber que vamos ter sustentabilidade para continuar prestando o serviço que prestamos hoje, em nosso ambiente de maior bem-estar, que é a alta complexidade oncológica", disse Andrade.

Ele afirmou que a entidade deve finalizar os casos em andamento antes da centralização nos pacientes mais graves.

O CEO destacou ainda a importância da administração municipal, representada no encontro pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), e da imprensa para que houvesse o acordo. "O papel da imprensa foi dar luz a algo que vínhamos tratando. O diálogo com a prefeitura nunca deixou de existir. A prefeitura vem sendo muito parceira nessa discussão, mas ela não tem todos os instrumentos, todos os recursos. Quando se junta o estado de São Paulo, subimos um patamar na discussão de financiamento."

A notícia do fim do atendimento pelo SUS havia sido recebida com preocupação por ONGs de apoio a pacientes com câncer, principalmente considerando a fila de mais de 3.000 pessoas no estado aguardando tratamento oncológico nos Cacons (Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia), reguladas pela plataforma Cross (Central de Regulação de Serviços de Saúde).

Entidades que reúnem pacientes oncológicos planejam para esta sexta (19), às 11h, um protesto pelos direitos de quem depende do SUS na frente da Prefeitura de São Paulo.

Os organizadores apontam que são mais de 600 mil brasileiros vitimados pelo câncer todos os anos e esse número vem crescendo desde a pandemia de Covid-19.

"Se nada for feito, o câncer será a primeira causa de morte até 2030. Os valores aviltantes da tabela SUS demonstram descaso e descompromisso com o povo enquanto liberam bilhões para campanhas eleitorais e mordomias para altos escalões dos governos", diz manifesto das entidades.

Segundo Andrade informou ao anunciar a decisão anterior, enquanto o SUS paga R$ 10 por uma consulta médica, os convênios reembolsam, em média, R$ 100. A variação também é grande em tratamentos como quimioterapia e radioterapia.

Por conta da diferença, todos os anos o A.C. Camargo tem de aportar recursos próprios, vindos dos atendimentos particulares. Em 2021, por exemplo, a receita do SUS foi de R$ 36 milhões e o hospital teve de injetar mais R$ 98,46 milhões.

O valor defasado já vinha alterando o perfil de atendimento. Em 2017, a instituição atendeu 1.500 novos pacientes do sistema público, enquanto neste ano foram apenas 96. Ao todo, são 6.500 pacientes SUS, sendo que 1.500 já haviam sido transferidos pela gestão municipal para outros centros oncológicos.


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