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Família de delegado que autuou Crivella vai processá-lo por calúnia e difamação

Por Agência O Globo

24/10/2016 19h54 — em
Brasil



RIO — A família do delegado João Kepler Fontenelle, morto em 2012, pretende mover uma ação na Justiça contra o candidato do PRB à prefeitura do Rio, o senador Marcelo Crivella, por calúnia e difamação, além de danos morais. O policial era o titular da 9ª DP (Catete), em 18 de janeiro de 1990, quando Crivella, como engenheiro, foi acusado de retirar um vigia, com o auxílio de homens armados, para desocupar um terreno em Laranjeiras que pertenceria à Igreja Universal do Reino de Deus, onde o candidato era pastor. Para a filha do delegado, Flávia Fontenelle, o fato de Crivella, depois de 26 anos, acusar o pai dela por abuso de autoridade, sem que ele possa se defender, é uma tentativa de “manchar a imagem” do delegado com objetivos políticos.

— Nós estamos extremamente consternados e indignados com essa tentativa de manchar a imagem do meu pai. É como se estivessem matando ele pela segunda vez. Colocar a culpa em alguém que já morreu e não pode se defender é muita falta de escrúpulos. Ele acusa meu pai de abuso de autoridade para alcançar vantagens políticas a qualquer custo — afirmou Flávia, lembrando que Fontenelle morreu vítima de um câncer severo na bexiga.

A matéria publicada pela revista Veja, neste fim de semana, trouxe em sua capa a foto do candidato de frente e de perfil, sendo fichado na delegacia, durante o registro em flagrante de uma invasão de domicílio a um terreno na Rua Senador Corrêa, em Laranjeiras. Mais tarde, analisando os fatos, o delegado Fontenelle fez a mudança do registro como “exercício arbitrário das pRóprias razões”, quando a pessoa decide tomar para si atribuições que não são dela. Crivella chegou no local com um caminhão e cerca de 10 homens armados.

O senador negou que tivesse sido preso, desmentindo a revista que publicou que ele passou o dia na prisão e só saiu com o compromisso de voltar no dia seguinte. Neste fim de semana, ao dar explicações sobre o episódio, num vídeo que circulou pelas redes sociais, o candidato disse que o caso não teria virado processo, pelo contrário, Crivella é quem teria movido uma ação contra Fontenelle por abuso de autoridade. Ele reiterou ser Ficha Limpa.

Segundo a filha, o pai sempre foi considerado um policial rígido, lembrado inclusive em reportagens da época por sua coragem e determinação.

— Meu pai chegou a construir um muro para proteger seus policiais contra os fuzis de traficantes do Complexo do Alemão, quando era delegado da 22ª DP (Penha), para mostrar que a polícia não abandonaria seu papel de proteger a sociedade. Ele foi um ícone, um exemplo. Se o Crivella não possui essa integridade como político, deveria ter como religioso que é, zelando pelas famílias como cristão — comentou Flávia.

Fontenelle se dedicou à Polícia por 48 anos, se aposentando em 2000, quando alcançou a aposentadoria compuLsória aos 70 anos. Foi presidente da Associação Internacional de Polícia (IPA), organização filiada a UNESCO, representando o Brasil em diversos congressos internacionais, propagando a filosofia da associação que é “servir pela amizade”. O delegado recebeu diversas condecorações como as medalhas “Honor Legion”, do Departamento de Polícia de Nova York, e Tiradentes, concedida pela Alerj, pelos anos de dedicação e serviços prestados à polícia.


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