O estudante de medicina Edcley Teixeira, do 4º ano, afirmou que foi apenas coincidência o fato de questões divulgadas por ele em uma live no YouTube apresentarem semelhanças com itens do caderno de ciências da natureza e de matemática do Enem 2025. Em entrevista exibida neste domingo (23) pelo Fantástico (TV Globo), Teixeira declarou que não sabia que a prova do Prêmio Capes Talento Universitário, da qual participou, funcionava como um pré-teste do exame nacional. Segundo ele, se houvesse aviso de sigilo, teria seguido as regras.

Durante a entrevista, Teixeira admitiu que pagou para estudantes memorizarem questões de avaliações, que depois eram repassadas para utilização em seu curso online de preparação para o Enem, ativo desde 2022. Ele negou qualquer intenção de fraude e afirmou que a prática tinha objetivo publicitário, embora hoje considere o método inadequado. O estudante insistiu que não cometeu má-fé, pois, segundo ele, não havia termo de sigilo ou proibição no edital do prêmio.

O presidente do Inep, Manuel Palacios, afirmou ao Fantástico que não há risco técnico para o Enem e que a memorização de questões não garante vantagem aos candidatos. Apesar disso, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de Edcley na manhã deste domingo (23), recolhendo eletrônicos e documentos para investigação. O Inep anunciou a anulação de três questões presentes na prova deste ano e reiterou que nenhuma pergunta foi reproduzida integralmente no Enem 2025.

O caso ganhou repercussão após Teixeira exibir ao menos cinco questões semelhantes às da prova em uma live anterior ao segundo dia do exame. Em vídeos publicados em janeiro, ele relatava ter percebido padrões entre o prêmio universitário e o Enem e dizia que memorizava itens utilizando métodos permitidos pela legislação. O estudante também informou ter sido convidado a participar de estudos do Inep sobre comportamento de itens. Após o episódio, o instituto reafirmou a lisura, a isonomia e a validade da aplicação deste ano.