Em Recife, Lula e Eduardo Campos disputam que é o melhor padrinho
RECIFE - A eleição para prefeito em Recife revive a rivalidade estabelecida por Eduardo Campos no ano em que morreu: uma polarização entre PSB e PT. É uma guerra entre o atual prefeito, Geraldo Julio (PSB), dizendo que "em 12 anos o PT não fez" creches, hospitais e deixou a cidade em estado de “degradação”. E o petista João Paulo pregando por um "Recife do povo de novo". Em seus programas eleitorais e por onde passa, diz que os pobres foram esquecidos nos últimos três anos e meio, e que a cidade passou a viver “um caos”, desde que seu oponente assumiu no lugar de João da Costa (PT), o sucessor que o petista elegeu em 2008.
Ambos usam seus padrinhos com referência. Geraldo Julio exalta Miguel Arraes e Eduardo Campos - ele trabalhou com os dois em seus respectivos governos estaduais. Em seus programas eleitorais os chama de “líderes” e usa fotos que também decoram o comitê de campanha. Ao GLOBO, Geraldo Julio disse que sua gestão é a continuação do modo Eduardo Campos de governar. O socialista lidera a disputa com 36% das intenções de voto, segundo a última pesquisa Datafolha, divulgada na terça-feira.
— Eduardo foi meu amigo por muitos anos. Aprendi muito nessa convivência. A gente está aqui continuando um projeto. O governo de Eduardo foi um governo vencedor em muitas áreas. E a gente procurou levar para a prefeitura esse mesmo modo de governar, que governa junto com o povo. Eduardo não está mais aqui conosco, se não, ele estaria aqui fazendo a campanha comigo — afirmou.
Já João Paulo também aproveita seu programa de pouco mais de um minuto de duração para ostentar fotos com Lula e até uma imagem da ex-presidente Dilma sendo interrogada na época da ditadura. Lula fez campanha para o correligionário na quinta passada, quando participou de uma carreata ao seu lado. Segundo o petista, não há motivos para “esconder” o companheiro, nem tampouco suas posições.
João Paulo acredita que, apesar do desgaste que o ex-presidente esteja sofrendo por conta de acusações no âmbito da Lava-Jato, que o tornou réu, ele ainda tem o poder de atrair votos. Entre a última medição, feita antes da vinda de Lula, e a desta semana, João Paulo oscilou negativamente de 29% para 26% das intenções de voto.
— Eu não tenho nada o que esconder. O Lula e outros companheiros foram quem contribuíram muito para mudar a vida dos brasileiros. Recife mudou muito a partir dos governos Lula e Dilma. Não podemos esconder nossas posições. Trouxemos Lula aqui, fiz um grande evento com ele. A recepção a ele foi excelente. Colocamos no nosso programa eleitoral, sem a menor dificuldade. Lula sempre tem peso aqui — disse.
Hoje João Paulo, Geraldo Julio, Priscila Krause (DEM) e Daniel Coelho (PSDB) se enfrentam pela primeira vez no único debate televisivo que haverá no primeiro turno, que será promovido à noite pela TV Globo.
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