Elize Matsunaga escreve livro com detalhes de assassinato e pedido de perdão à filha
Elize Matsunaga, 40, condenada a quase 20 anos por matar e esquartejar o próprio marido, Marcos Matsunaga, herdeiro da Yoki, revelou que está escrevendo um livro sobre o crime e sobre sua trajetória desde as origens familiares até os anos em que vive na prisão.
O crime, que completa 10 anos, chocou o país e é considerado um dos mais polêmicos da história. Intitulado "Piquenique no Inferno”, Eliza disse que além de apresentar a sua versão dos fatos, ela tem o objetivo de pedir perdão à filha de 11 anos, com quem não tem contato desde que foi presa.
“Minha amada [filha], não sei quando você lerá essa carta ou se um dia isso irá acontecer. Sei o quão complicada é nossa história, mas o que eu escrevo aqui não se apagará tão fácil”, escreve em um trecho.
A garota está sob a guarda dos avós paternos e há anos, os advogados de Elize tentam um acordo para que ela possa se aproximar da filha, mas os tutores não permitem. Eles já entraram até com o pedido para que o nome da bacharel em Direito seja retirado da certidão da criança.
Nem mesmo fotos da filha nunca foram permitidas pela família. Os avós justificam que é melhor que a mãe não saiba como a garota é para que tenham a oportunidade de ir atrás dela.
Na obra escrita à mão, propositalmente com caneta vermelha, Elize fala sobre a vida humilde antes do casamento com Marcos e revela que foi estuprada pelo padrasto aos 15 anos. “Quando a penetrava, Elize sentia uma dor cortante com a sensação quente de seu sangue e a reação inútil de seu corpo. Cedeu sua virgindade à violência”, cita ao se referir ao estupro.
Em outros capítulos ela relata a violência sofrida dentro do casamento com o herdeiro da Yoki e fala sobre as constantes traições do marido, incluindo a última, que culminou com o assassinato.
Elize conta detalhes do crime e diz que Marcos a desafiou a atirar nele no dia da tragédia, logo depois de esbofeteá-la e fazer uma série de ameaças. “Atira, sua fraca! Atira! Sua vagabunda! Atira ou some daqui com sua família de bosta e deixa minha filha. Vc nunca mais irá vê-la. Acha que algum juiz dará a guarda a uma p***?”, escreve.
A detenta também ainda descreve no manuescrito o apoio que têm recebido de pessoas que se sensibilizam com a situação dela e fala que até cartas com pedido de casamento chegam ao presídio constantemente.
A obra, que tem atualmente 178 páginas, só deve ser publicada quando Elize deixar a prisão, o que está previsto para acontecer em 20 de janeiro de 2028, quando ela termina de cumprir a pena. Mas o advogado garante que já há editoras interessadas.
Enquanto isso, os defensores tentam um recurso para agilizar a saída de Elize, que hoje está no regime semiaberto, mas preferiu continuar trabalhando dentro do presídio em São Paulo para a sua própria segurança.
Eles entraram com um pedido para que Elize cumpra o resto da prisão em casa, mas para isso, ela precisa ser submetida a um teste preciso. Este, deve mostrar se ela tem condições de voltar a vive em sociedade.
O exame ainda não foi realizado, mas a expectativas da defesa é de que a cliente tenha o pedido atendido até o fim do ano.
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