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Crivella ataca imprensa ao se defender de denúncias

Por Agência O Globo

24/10/2016 17h00 — em
Brasil



RIO — Em entrevista ao SBT no início da tarde desta segunda-feira, o candidato do PRB à prefeitura do Rio Marcelo Crivella voltou sua artilharia contra a imprensa ao se defender das denúncias publicadas este fim de semana pela revista "Veja" e pelo jornal O GLOBO. O senador usou os termos "pateta", "patife" e "vagabundo" aos se referir aos profissionais das duas publicações.

Ao ser perguntado sobre a notícia publicada neste domingo na coluna de Lauro Jardim, no GLOBO, de que o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque negocia com o MP Federal uma delação que compromete o senador, Crivella disse que trata-se de "conversa afiada". Segundo o colunista, Duque afirmou que R$ 12 milhões vindos de propina da estatal foram parar na campanha do senador em 2010, para o pagamento de placas de publicidade.

— Isso não está a altura dos esplendores do jornalismo do Rio de Janeiro. Agora, a uma semana da eleição, o inimigo jurado das minhas campanhas sempre aparece com uma delação. Não existe delação, não foi gravado. Isso é conversa fiada, é coisa de patife, de vagabundo. O jornal O GLOBO estampa na primeira página. Especula uma coisa que vai acontecer. Não tem delação, não tem grampo. Nem essa delação o sujeito vai dizer R$ 13 milhões ao Crivella. Isso é coisa de patife. Eles não querem é que eu entre na prefeitura, porque sabem que ali tem centenas de milhões de reais gastos com publicidade para calar os repórteres vagabundos que não denunciam e se propõem a um papel melancólico como esse de atacar gente de bem. Espero que a Justiça de Deus faça justiça com esse povo.

Sobre a reportagem de "Veja", que mostrou uma foto de Crivella sendo fichado há 26 anos, o candidato do PRB, além de chamar os jornalistas de "patetas", também disse que são irresponsáveis:

— Esses dois meninos (repórteres) são dois irresponsáveis. O que eles dizem é tudo mentira.

Durante a entrevista, Crivella também negou que o que estava em sua casa, que foi cedido aos repórteres, seja o inquérito da delegacia que apurou o caso referente à foto, que está desaparecido:

— O que estava na minha casa não era o inquérito policial, mas sim a ação que eu movi contra o delegado.

O candidato voltou a afirmar que, para ser eleito, precisa de votos como o de Carminha Jerominho, cujos pai e tio estão presos por envolvimento com as milícias. Agora, porém, ele disse que precisa do voto para combater as próprias milícias:

— Se eu não tiver o voto da Carminha, não posso combater a milícia. Preciso do voto dela pra combater. Não vou compactuar com bandidos. Mas, se eu não tiver votos, como vou ajudar as pessoas? Acabar com as filas dos hospitais. Preciso cuidar das pessoas, e para isso preciso de votos. Se a pessoa que vota em mim está fazendo coisa errada, a Justiça que vai puni-la. Não compactuo com a milícia. Se eu souber, vou denunciar.

“O candidato Marcelo Crivella não é o primeiro nem será o último político a agredir a imprensa profissional por haver publicado algo que prefere manter oculto. É assim no caso da descoberta, pela revista “Veja”, de que o bispo licenciado da Igreja Universal foi levado a uma delegacia, na década de 80, e lá devidamente fotografado, ao ser detido na tentativa de desocupar, com violência, um terreno invadido, em Laranjeiras, onde seria construído um templo da sua igreja. A reação também é a mesma diante da revelação do colunista Lauro Jardim, do GLOBO, publicada domingo, segunda a qual Crivella poderá ser citado pelo ex-diretor da Petrobras Renato Duque, um dos presos da Lava-Jato, como destinatário de dinheiro sujo do petrolão, para cobrir gastos da campanha de 2010.

O candidato se equivoca ao acusar a imprensa profissional de ter interesses ocultos ao publicar reportagens que não o agradam. E comete o pecado da blasfêmia ao dizer que O GLOBO o tornou “inimigo jurado”. Afinal, os Princípios Editoriais seguidos pelo jornal e demais veículos do grupo Globo são claros em estabelecer o apartidarismo como regra pétrea e fazer uma separação absoluta entre publicidade e jornalismo. As duas atividades não se misturam. Além disso, ainda garante espaço a quem se sente atingido por qualquer reportagem, e exige checagem de toda informação antes de publicá-la. Requisitos atendidos na apuração e edição das matérias citadas pelo candidato.

Já os xingamentos feitos pelo bispo licenciado aos repórteres, estes não merecem resposta.”


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