O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) dará início, nesta quinta-feira (13), ao julgamento das influenciadoras digitais Kerollen Cunha e Nancy Gonçalves, mãe e filha acusadas de injúria racial contra duas crianças negras. O caso, que gerou grande repercussão nas redes sociais, será analisado na 1ª Vara Criminal da Comarca de São Gonçalo, em audiência marcada para às 13h40.

As influenciadoras, que possuem mais de 13 milhões de seguidores, gravaram dois vídeos em que aparecem entregando presentes considerados ofensivos a crianças negras em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. No primeiro vídeo, uma banana foi dada a um menino negro de 10 anos, e no segundo, um macaco de pelúcia foi oferecido a uma menina negra de 9 anos. O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) acusa as influenciadoras de racismo, apontando que a associação de negros a macacos e bananas é um gesto claramente discriminatório.

De acordo com o advogado João Marcos Viana de Moraes, defensor das vítimas, o caso é um exemplo de "racismo disfarçado de entretenimento". Para ele, as influenciadoras usaram a inocência das crianças para criar conteúdos humilhantes e ofensivos. "Estamos confiantes de que a Justiça será feita, garantindo a proteção da dignidade das vítimas e reafirmando o combate ao racismo", afirmou o advogado.

Por outro lado, a defesa de Kerollen e Nancy, representada pelo advogado Mário Jorge dos Santos Tavares, argumenta que os vídeos foram editados e que as influenciadoras não tiveram a intenção de praticar qualquer ato racista. Segundo o defensor, todos os envolvidos são da mesma comunidade e os vídeos faziam parte de uma série de brincadeiras realizadas durante a pandemia para entreter as pessoas. "Não houve racismo. Não havia intenção de prática de racismo", afirmou Tavares.

No primeiro semestre de 2023, Kerollen e Nancy abordaram o menino de 10 anos que vendia balas em Alcântara, São Gonçalo, e ofereceram-lhe uma banana. O menino, ao perceber o presente, reagiu de forma negativa, afirmando que não gostou e saindo de cena. O vídeo foi compartilhado nas redes sociais, sendo considerado pelo Ministério Público uma ação humilhante e desrespeitosa.

O outro vídeo envolveu uma menina de 9 anos, que, ao ser abordada por Kerollen e Nancy, escolheu um presente entre R$ 5 ou uma caixa. Dentro da caixa, encontrou um macaco de pelúcia e, embora tenha demonstrado alegria e agradecimento, o gesto foi interpretado como um ato racista pelas autoridades. O Ministério Público pede a condenação das influenciadoras e uma indenização de R$ 20 mil para cada uma das vítimas, por dano moral.