Butantan diz que acusações de Bolsonaro à China prejudicam vacinação
O presidente do Butantan, Dimas Covas, declarou nessa quinta-feira (6), que as insinuações do presidente de que a China teria criado o coronavírus, já começaram a atrapalhar os envios de insumos para a produção de vacinas no Brasil.
De acordo com Dimas, o país alterou a data de entrega do material do dia 10 para o dia 13 de maior e diminui o volume. Para ele, o ataque de ontem do presidente e as acusações recentes do ministro Paulo Guedes, estão afetando o relacionamento diplomático entre os países no momento mais importante, já que a China é o principal fornecedor de matéria-prima de vacinas para o país.
“Claramente tem aí mudanças que não são mudanças de produção do Sinovac, mas sim consequências da falta de alinhamento do Governo Federal”, disse Covas.
Ontem o presidente insinuou sem citar nomes, que a China teria criado o vírus a fim de provocar uma guerra biológica para obter mais lucro:
“É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu por algum ser humano ingerir um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu o seu PIB? Não vou dizer para vocês”, disse o presidente.
O gestor do Butantan, assim como vários especialistas e líderes de outros segmentos, condenaram a postura de Bolsonaro: “Essas declarações contêm inúmeras inverdades. Primeiro de que o vírus foi produzido na China e que faz parte de uma guerra biológica, uma coisa mirabolante. Isso criou já um profundo mal estar na chancelaria, na diplomacia com a China”, afirma.
Caso não receba a carga de insumos na data, Dimas diz que a produção de vacinas será prejudicada e a campanha de vacinação pode sofrer as consequências com atrasos no cronograma.
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