Brasileira que viveu 48 anos acamada pode virar santa; entenda
A brasileira Maria de Lourdes Guarda, que viveu 48 anos acamada, teve suas virtudes heroicas reconhecidas pelo Vaticano e pode se tornar santa. O papa Leão XIV autorizou o Dicastério para as Causas dos Santos a promulgar o decreto que abre caminho para sua beatificação e canonização. Natural de Salto, no interior de São Paulo, ela era conhecida pela dedicação às pessoas com deficiência e doenças crônicas.
O reconhecimento marca o início oficial do processo que poderá torná-la a segunda santa paulista — após Frei Galvão — e a primeira mulher do estado a receber o título. Maria de Lourdes morreu em 1996, aos 70 anos, após décadas vivendo entre hospitais e a própria casa, sempre imobilizada devido a uma grave lesão na coluna sofrida aos 21 anos. Apesar das limitações, ela professou votos no Instituto Secular Caritas Christi em 1970 e desenvolveu forte atuação pastoral.
Segundo o Vaticano, Maria de Lourdes transformou a enfermidade em missão religiosa, apoiada em intensa vida de oração e devoção eucarística. Familiares relatam que o quarto onde vivia internada tornou-se ponto de acolhimento espiritual para pessoas que buscavam conselhos e conforto. Mesmo após perder uma das pernas, ela continuou realizando bordados, crochê e tricô para ajudar a custear sua própria permanência no hospital.
Maria de Lourdes também liderou iniciativas sociais e visitou comunidades vulneráveis. Com apoio do padre Geraldo Nascimento, ela viajou pelo país em uma Kombi adaptada, criando mais de 250 núcleos da Fraternidade das Pessoas com Deficiência. Seu trabalho ganhou repercussão nacional e chegou a atrair a atenção de figuras públicas, como a condessa Matarazzo e até o cantor Roberto Carlos, que visitou uma criança em estado terminal após pedido feito por ela.
Após sua morte, relatos de graças atribuídas à sua intercessão se multiplicaram, fortalecendo a causa de canonização. Os restos mortais dela estão em um altar na matriz de Salto, onde fiéis mantêm um fluxo constante de oração. O processo, conduzido pela Igreja, segue em sigilo, mas ganhou novo impulso após publicações que destacaram sua trajetória de fé, superação e serviço ao próximo.
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