Dois casos de coinfecção por coronavírus foram identificados pela primeira vez no Brasil. Cientistas que estudam o "fenômeno", afirmam que as vítimas são duas pessoas adultas do Rio Grande do Sul que apresentaram sintomas leves e moderados em novembro e já estão recuperados.

Os especialistas explicam que diferente da reinfecção, quando o paciente apresenta novamente o Sars-Cov-2, na coinfecção eles apresenta duas linhagens diferentes do vírus ao mesmo tempo no organismo: " É a infecção simultânea por vírus com genomas distintos em um mesmo indivíduo”, destaca Fernando Spilki, coordenador das pesquisas no Laboratório de Microbiologia Molecular da Feevale, no Rio Grande do Sul.

Ele destaca que no caso desses dois pacientes, eles foram coinfectados por uma nova linhagem que circula desde o ano passado no Sul do país. Ele se espalhou pelo Rio Grande do Sul, após ser encontrado primeiramente no Rio de Janeiro.

Com a circulação das novas linhagens e a suspeita de casos de reinfecções, pesquisadores do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro começaram a colher amostras de material genético para estudo. Depois de sequenciar este material, eles descobriram ao menos cinco linhagens novas do coronavírus circulando na região e os dois casos de coinfecção.

A descoberta deixou os cientistas preocupados, já que as coinfecções podem mostrar uma espécie de evolução do vírus: “Estamos vendo novas linhagens se perpetuando, linhagens descobertas no Rio de Janeiro e no resto do Brasil. Isso mostra a capacidade do vírus de se adaptar aos hospedeiros. Se não houver vacinação o mais rápido e medidas mais restritivas e intensas, a situação poderá piorar” diz o virologista Amilcar Tanuri, da UFRJ. As pesquisas das novas linhagens seguem com o estudo da variante que surgiu em Manaus e já é responsável hoje por mais de 50% dos novos casos da doença no Amazonas.