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Carta de suposto jornalista da Record expondo apoio da emissora a Bolsonaro é divulgada

Por Portal Do Holanda

13/10/2018 15h28 — em
Brasil



O jornal The Intercept Brasil divulgou neste domingo (13), o relato de um jornalista do Portal R7, da Record, revelando a forma que são tratadas as matérias referentes ao candidato Jair Bolsonaro.

Conforme o funcionário, desde que o segundo turno teve início, pautas positivas sobre o candidato adversário, Fernando Haddad, não são divulgadas na capa e nem nas redes sociais. Ele afirma ainda que as matérias negativas sobre Bolsonaro não são divulgadas. "Passado o primeiro turno, começou o jogo sujo. Nada de pauta negativa ao Bolsonaro, a não ser que seja um assunto de grande visibilidade", diz em um trecho.

É de conhecimento de todos que o bispo Edir Macedo, fundador da Record e da Igreja Universal, declarou apoia ao candidato à presidência Jair Bolsonaro. O apoio da emissora do bispo evangélico foi concretizado quando Bolsonaro apresentou atestado médico para não ir ao debate da Rede Globo com outros candidatos, para aparecer, no mesmo horário, dando entrevista exclusiva para a Record. Enquanto os presidenciáveis apresentavam suas propostas e tinham suas ideias confrontadas na Globo, o candidato do PSL conquistou um espaço exclusivo na emissora concorrente.

CONFIRA NA ÍNTEGRA

“Desde meados de agosto, toda matéria que chega de agência (Reuters, Estado, Folha, EFE, AP…), ou que pretendemos escrever, precisa antes de uma autorização verbal de quem está comandando a redação. A gente chega e pergunta: ‘posso subir matéria tal da agência tal?’

Três semanas antes de começar o primeiro turno a gente foi ‘liberado’ para subir conteúdos dos candidatos, contanto que não fosse negativo ao Alckmin.

Após o Edir Macedo vir que o Alckmin não decolaria e declarar via Facebook que apoiaria Bolsonaro, a redação deu uma guinada. Passamos a publicar exclusivamente coisas positivas sobre o candidato do PSL e coisas mornas sobre Haddad, Ciro e Alckmin.

Passado o primeiro turno, começou o jogo sujo. Nada de pauta negativa ao Bolsonaro, a não ser que seja um assunto de grande visibilidade. A gente pode subir pautas positivas do Haddad, mas geralmente elas não são chamadas na capa nem nas redes sociais. Ou seja: ninguém vê.

E agora começaram a aparecer encomendas. O primeiro alvo foi Ciro Gomes. Um excelente repórter foi obrigado a escrever coisas ridiculamente negativas e velhas sobre o ex-candidato do PDT, acredito eu que para tentar denegri-lo caso ele decidisse apoiar o Haddad firmemente.

Houve brigas na Redação por que, teoricamente, deveríamos assinar essas matérias. Mas ninguém aceita expor seu nome a esse trabalho sujo. Pode notar que a maioria delas não tem assinatura.

O clima ficou pesado, todos estão decepcionados de fazer esse jornalismo marrom. Um dos melhores e mais resilientes repórteres de lá agora bate boca diariamente com a chefia.

A gente se sente refém das demandas do alto comando. Recebemos ordens pra fazer um antisserviço à população e nem sequer sabemos quem deu essas ordens lá em cima. Considerando a boa audiência do portal, especialmente entre as classes C e D, dá um aperto no coração saber que a gente pode influenciar negativamente estas eleições.”


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

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