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Após campanha radicalizada, Bolsonaro e Haddad lideram a disputa

Por Portal Do Holanda

07/10/2018 6h23 — em
Política


Foto: Agência O Globo

RIO - Após uma campanha presidencial marcada pela polarização entre esquerda e direita, com episódios deradicalização , mais de 147 milhões de eleitores irão às urnas hoje pela oitava vez após a redemocratização.

Nas últimas pesquisas antes do primeiro turno, Jair Bolsonaro (PSL), o capitão reformado que deixou o baixo clero para empalmar a bandeira do antipetismo, tem 41% dos votos válidos no Ibope e 40% no Datafolha e busca uma vitória no primeiro turno, o que não acontece há 20 anos.

Seu maior adversário, o petista Fernando Haddad apostou na personificação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que completa seis meses preso hoje em Curitiba, condenado em segunda instância por corrupção. A estratégia o catapultou de 4% há um mês para os mais de 25% dos votos válidos nos levantamentos de ontem, o que o colocaria no segundo turno.

Principal aposta de quem rejeita tanto o bolsonarismo quanto o lulismo na reta final da campanha, Ciro Gomes (PDT) tentava ganhar impulso para ultrapassar Haddad, mas foi uma aposta de terceira via que até ontem não emplacou. Com 13% dos válidos, dificilmente terminará à frente do ex-prefeito de São Paulo.

Nada representa mais a eleição da pulverização do centro que os desempenhos de Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede). Com um discurso técnico e um apelo à razão, o ex-governador de São Paulo não conseguiu decolar e corre o risco de terminar a campanha com menos votos do que tinha quando começou, mesmo com quase a metade de todo o tempo de propaganda na televisão. Confirmado seu fracasso, será a primeira vez desde 1994 que o PSDB não chega ao segundo turno.

A situação da ex-senadora é ainda mais cruel. Pode terminar a eleição como “nanica”, depois de ter recebido cerca de 20 milhões de votos em 2010 e 2014.

Campanha curta e intensa

Se mesmo para políticos consolidados como Marina ou com forte estrutura partidária como Alckmin a campanha polarizada não deu brechas, a situação ficou ainda mais difícil para os novatos. A disputa com o maior número de candidatos desde 1989 não teve surpresas fora das primeiras posições. Da esquerda, onde o líder sem-teto Guilherme Boulos (PSOL) buscou fincar os alicerces de sua candidatura, à centro-direita, a partir da qual o liberal João Amôedo (Novo) tentou energizar seus partidários, ninguém surpreendeu.

Embora tenha sido mais curta que as anteriores, com um início mais tardio e menos dias de propaganda eleitoral na TV, poucas vezes se viu uma campanha tão intensa como esta: em 6 de setembro, há apenas um mês, o líder nas pesquisas, Bolsonaro, foi esfaqueado quando era carregado por partidários em Minas Gerais, um atentado inédito nas campanhas presidenciais; o segundo colocado, Haddad, bateu ponto na sede da PF em Curitiba nada menos do que 15 vezes (11 como coordenador de campanha e outras quatro depois que foi ungido) para ouvir Lula, que tentou levar a candidatura até as últimas consequências, mesmo enquadrado na Lei da Ficha Limpa.

Foi também a primeira campanha verdadeiramente digital do Brasil. A força de Bolsonaro nas redes sociais e nos mais de 1.500 grupos de Whatsapp comandados por seus aliados se sobrepôs à força tradicional do marketing eleitoral, que também minguou sem os muitos milhões das doações empresariais, proibidas pela primeira vez.

O novo cenário também fez proliferar como nunca as mentiras disseminadas pela internet, as fake news, um termo deletério que se fixou no léxico eleitoral brasileiro. Nas últimas semanas, o Fato ou Fake, serviço de checagem do Grupo Globo, desmentiu ao menos 50 boatos que tinham como objetivo prejudicar candidaturas de todos os matizes e minar a confiança dos eleitores na democracia, que nunca foi tão apreciada pelos brasileiros, que dizem em nível recorde, 69%, considerá-la a melhor forma de governo para o país.

O tensionamento não se limitou às campanhas, dominou conversas nas ruas e as redes sociais e desaguou em manifestações. Os grupos de família no WhatsApp viraram campo minado, e antigas amizades se esgarçaram como nunca antes, em debates inflamados pelo combustível da polarização e da radicalização. Nos aeroportos, Bolsonaro era recebido, até a fatídica facada, por pequenas multidões que o saudavam como “mito”. Nas ruas das grandes cidades, milhares de mulheres se reuniram há dez dias para defender: “ele, não”.

Hoje, quando os eleitores forem às urnas, o país terá dado mais um passo decisivo para consolidar a democracia brasileira.


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

ASSUNTOS: Bolsonaro, Eleições 2018, Haddad, Política

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