Wilson Lima escreve uma história para ser esquecida
Tinha razão o governador do Amazonas, Wilson Lima, no seu discurso de posse em 1 de janeiro de 2019, ao afirmar que ““as coisas não acontecem na nossa vida por acaso. E que ele estava "inaugurando um novo livro, tendo o povo como protagonista". Ainda não é um livro concluído, nem a história que sonhou contar, mas o capitulo final será o primeiro: rascunhos vindos de uma eleição vitoriosa, sob aplausos de 1.033.95 amazonenses, que agora silenciaram.
Não foi o acaso que o elegeu, foi a esperança que ele encarnava. Como não foi o acaso que destruiu seu governo, foi a incapacidade de exercer o poder e compartilhá-lo com a sociedade.
O protagonismo dessa história não tem o povo como principal ator, mas grupos de interesse que minaram seu governo. Wilson, se tiver que sair pela porta dos fundos, deve lembrar disso, como lição para o resto da sua vida - que não será fácil, pelas questões de natureza jurídica que sempre ameaçarão aquilo que ele mais preza: a liberdade.
Wilson não é um homem mau, é apenas um garoto ingênuo, que atraiu para o seu lado o que havia de pior na administração pública.
“Pela primeira vez a foto do governador nas repartições será substituída por fotos de mulheres e homens, jovens, adultos, idosos e crianças para que possamos lembrar diariamente para quem e na intenção de quem nós todos estamos trabalhando”, disse na posse em 1 de janeiro de 2019.
A ideia era boa, sintetizava uma aliança com a sociedade. Mas na verdade revelava que outros decidiriam por ele. É um dos poucos a não ter a sua foto na galeria dos governadores. Será uma parte da história esquecida.
Para quem nunca governou, para quem de certa forma abdicou do exercício do poder, não pode ser mandado para casa sozinho, caso venha a ser afastado. É preciso que os grupos que o cercam e construíram uma rede de interesses que envolveu o Estado nestes dois anos, sejam identificados e seus integrantes investigados.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.