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Sete de Setembro, ao lado dos militares…há 50 anos


Por Raimundo de Holanda

26/08/2021 18h47 — em
Bastidores da Política



Há 50 anos, então aluno do ensino médio, me juntava a outros estudantes em frente ao colégio, onde uma bandeira do Brasil era erguida, para  cantar  o Hino Nacional. Era uma rotina diária. Não me enchia de orgulho, mas não tirava pedaços de mim. Depois, no 5 de Setembro - dia em que se comemora a Elevação do Amazonas à Categoria de Província - marchávamos com bandas desafinadas na Avenida Eduardo Ribeiro. Os melhores voltavam a desfilar no 7 de Setembro, ao lado dos militares. Diziam-nos que era um exercício de cidadania, de amor à Pátria. Não era uma coisa ruim, não tirava pedaços de mim. Os professores nos faziam olhar para o outro lado do Atlântico, onde os norte-americanos veneravam a bandeira. E eu achava tão parecida com a do Amazonas (já repararam ?).

Sonhávamos com um País do tamanho dos EUA, com a liberdade que achávamos que eles tinham, sem saber que lá eles travavam uma batalha por direitos civis, que os negros ainda viviam na semi-escravidão, que os trabalhadores lutavam por direitos e eram massacrados e mortos na porta das fábricas. Vendiam-nos uma ideia errada do que hoje ainda acreditamos ser a maior democracia do mundo.

Mas voltemos ao 7 de Setembro. Uma data que representa o rompimento com a monarquia e o domínio português. Uma data para ser lembrada ainda por muitas gerações. Mas o 7 de setembro que se aproxima pode ser lembrado pela ruptura do estado de direito, uma data em que o Brasil (e suas instituições) ou se equilibrará sobre o abismo institucional já aberto, ou cairá sobre ele, levando de roldão tudo o que foi construído nos últimos anos para pacificar as diversas correntes da sociedade e aprimorar a democracia.

Nas crises institucionais, que ameaçam a democracia, sempre há um lado para torcer, um lado que representa o bem e os anseios da sociedade. Pela primeira vez em um conflito velado entre poderes do Estado não há um lado que tenha se qualificado para isso.

Um representa os conglomerados de imprensa e políticos que de alguma forma sujaram as mãos e agora buscam alguma proteção “legal”. 

Do outro lado, um poder disposto a suprimir direitos e governar pela força. Como não há inocentes nessa história, invés de torcer por um dos lados, o melhor é rezar para que, no minuto final, haja um consenso e a paz volte a reinar no País.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.