Um vizinho com cara de mau. As pessoas passavam por ele sem olhar, mesmo sabendo que poderia residir ali um serial killer. Ainda assim, se esforçavam para ignorá-lo. Sabiam que ele as observava da outra sacada do prédio. Mas elas precisavam viver, dançar, amar, ser amadas...

Nunca imaginaram que ele as pegaria no elevador e cortaria a conexão que elas tinham com o mundo…

A Covid 19, para nós, é o vizinho estranho que nos observa impertinentemente, nos amedronta, ameaça, mas não podemos ficar trancados. O Sol nos atrai, a vida está lá fora, as pessoas, os amores e tudo o que sonhamos conquistar. Apesar do perigo, abraçamos. Beijamos, fazemos amor… Apesar do perigo nos expomos...

Diferentemente do homem do apartamento ao lado, esse inimigo entra em nossos corpos, contamina nossa roupa e se espalha entre aqueles que amamos.

E nos assustamos com os números de pessoas que ele matou tão pertinho de nós, de 1 de setembro até ontem, em Manaus: 33. Em dez dias. Que fazer? Voltar para casa, ficar isolado do mundo? Não. A Vida está lá fora e nos chama.

Mas não podemos ignorá-lo, só porque achamos ingenuamente que fazemos parte da boiada imunizada, expondo os que amamos. Esse inimigo nos usa para matar nossos amigos. Ele se aproveita do nosso descuido para o levarmos para casa.

A vida não é nada sem aqueles que amamos - nossos amigos, nossos filhos, nossas companheiras. Não podemos esquecer disso, se não quisermos que a beleza da vida se esgote em nós.