Mais respeito com ACrítica
A parte suja da campanha amanheceu espalhada por Manaus. Em uma tentativa desesperada de mudar o curso da eleição, o jornal ACrítica foi transformado em simples panfleto de um candidato. Quem fez isso, feriu de morte a história do jornal.
Mais de sessenta anos de jornalismo vibrante, isento, jogados na lata do lixo, como um pedaço de papel qualquer, no qual se vomita o resto estragado de uma refeição que o estômago rejeitou.
Costuma-se dizer que as pessoas passam, um grande jornal fica.
Mas fica quando não é usado para fins não republicanos. Fica quando sedimenta suas bases e sua história com um jornalismo crítico, mas respeitoso.
Tudo o que o jornal esqueceu de fazer na sua última edição.
É preciso salvar ACrítica, pelo que o jornal representa para a cidade. E também pela memória de seu fundador, Humberto Calderaro.
ACritica tem que ser respeitada pelos seus dirigentes, para chegar com alegria na mesa de cada leitor .
Essa A Crítica que circula hoje, ignorando que a informação tem dois lados, não é ACrítica que conhecemos. Está desconcertantemente ferida, contaminada pelo ódio, distanciada de sua história.
Não pode servir a um candidato, a um projeto de poder. Deve servir, como preconizou seu fundador, aos leitores.
O jornal não é um patrimônio dos sucessores de Humberto Calderaro, é um patrimônio da cidade. A cidade, que gosta de ACrítica, pede respeito com ACrítica e sua história. (RH)
SE UM DEBATE DEFINISSE UMA ELEIÇÃO...
O formato do debate - candidatos mais livres, transitando entre convidados - foi a novidade da TV Em Tempo, ontem, e permitiu uma melhor performance do prefeito Arthur Neto. Uma eleição não se define pelo desempenho dos candidatos em um confronto de ideias e propostas, mas se essa fosse a regra, e não o voto do eleitor no dia 30 - Marcelo poderia começar a pensar em uma nova aventura em 2018. Não que tenha sido ruim o seu desempenho, mas foi mediano, repetitivo e, como sempre, esqueceu que estava falando para o telespectador e convidados, e não discursando.
Essa eleição pode ser um grande aprendizado para Marcelo. E já é um grande ganho para ele. Até 2018 terá tempo para melhorar a sua relação com as câmeras e os microfones,falar com as pessoas num tom que não as assuste.
Arthur cresceu muito do primeiro debate na TV Amazonas para o de ontem, na TV Em Tempo. Foi conciso e direto nas respostas. E gentil com seu opositor.
O problema dos debates em Manaus é o horário. E a baixa audiência.
As tvs precisam rever isso. Urgentemente. Ou no futuro talvez os candidatos, pela falta de resultados, recusem os convites em participar desse tipo de programa. (RH)
SECRETÁRIO, BLINDADO, FALA POUCO, DIZ NADA
O secretário de Saúde, Pedro Elias, chegou ontem ao plenário da Assembleia Legislativa do Amazonas blindado pelos deputados da base governista.
Saiu de lá como entrou: sereno e tranquilo.
Não foi devidamente sabatinado, como se esperava, e limitou-se a expor medidas para resolver a situação dos funcionários terceirizados - contratados pelas empresas acusadas de participar de um esquema de desvio de recursos da saúde.
“Eu sei o que é trabalhar e não receber o salário no final do mês. Eu já fui terceirizado da saúde do Estado”, disse Pedro.
O secretário parece não ter passado em algum momento de sua vida por problema semelhante.
Mas disse que passou.
Um problema que se arrasta há meses e só agora ele diz que vai resolver.
Diz por que há pressão da sociedade, pressão do Ministério Público do Trabalho, pressão dos órgãos de classe que representam esses funcionários.
A falta de questionamento dos deputados – exceção de três oposicionistas - sobre os favores que o secretário teria recebido do médico Mouhamad Moustafa, apontado pela Polícia Federal como o cabeça do esquema de corrupção no sistema de saúde do Amazonas, joga uma cortina de dúvidas sobre o comportamento dos parlamentares.
Ou eles não tiveram a intenção de esclarecer nada, foram omissos, ou simplesmente estavam com a cabeça em outro lugar. Mas onde? (RH)
PDT COM ARTHUR
O deputado estadual Adjuto Afonso e o filho, vereador eleito Diego Afonso, aderiram à reeleição do prefeito Arthur Neto (PSDB) à Prefeitura de Manaus.
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O anúncio foi feito às 16 horas de ontem em coletiva à imprensa ocorrida na sede do PMDB, com a presença do senador Eduardo Braga.
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Adjuto foi vice na chapa encabeçada por Hissa Abrahão durante o primeiro turno da disputa municipal, mas a adesão dele e do filho foi um ato isolado, que não incluiu Hissa, apesar deste não se opor à decisão. “A bandeira do IPTU Social, defendida por Diego no primeiro turno e abraçada por Arthur, justificou nossa adesão”, disse Adjuto à coluna.
MOMENTO DE SILÊNCIO
Recolhido à parte da disputa pela prefeitura de Manaus desde o primeiro turno eleitoral, o governador José Melo foi alvo ontem de uma brincadeira nas redes sociais, afirmando que ele iria declarar seu voto no segundo turno. Até agora, porém, sua declaração mais recente, dita durante a posse do procurador-geral de Justiça do Estado, Fábio Monteiro, continua valendo: “O momento é de silêncio”.
MAIS PRIVILÉGIOS PARA O COMÉRCIO
Para reforçar a atividade comercial em Manaus, comandada pela CDL Manaus, que conta com quatro mil associados e emprega 90 mil comerciários, a deputada Alessandra Campêlo propôs indicação ao governo do Estado sugerindo a redução de 18% para 17% da alíquota geral do ICMS do comércio, inclusive para o gás de petróleo e natural, e serviços. “É uma forma de fomentar a atividade do comércio, considerado o maior empregador da capital amazonense.”
ASSUNTOS: Arthur Neto, eleições 2016, humberto calderaro, Manaus, marcelo ramos
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.