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O escândalo das obras superfaturadas


Por Raimundo de Holanda

05/04/2016 23h14 — em
Bastidores da Política



Nada contra o ex-prefeito de Manaus, diretor da Cosama, secretário de governo e coordenador executivo do Prosamim, Frank Abrahim Lima. Mas a reprovação de suas contas à frente do programa, pelo TCE, pode ser um dos indícios apontados pela operação Lava Jato de desvios de recursos públicos em obras no Amazonas. Os dados da rejeição batem: episódios de superfaturamento nos contratos nº 001/2006 e 024/2009, firmados com a empreiteira Andrade Gutierrez, nas obras e serviços de engenharia.

A Gutierrez é justamente a empreiteira citada Lava Jato e o montante a devolver, R$ 8,9 milhões, entre multas e glosas, revela que a coisa foi ‘bem grande’.

BRAGA SEGUE CAMINHO PERIGOSO

O ministro Eduardo Braga fez uma escolha perigosa ao se perfilar ao lado do governo Dilma. Pode perder o comando do PMDB no Amazonas e sofrer mais um arranhão em sua biografia. Fora o desgaste politico inevitável que essa decisão provocará, Braga poderá ainda enfrentar denúncias de corrupção durante o seu governo no Amazonas.

As delações de executivos da Andrade Gutierrez, segundo a revista Veja, citam o senador como tendo feito parte de um esquema que hoje os procuradores do Ministério Público Federal chamam de “organização criminosa”.

A VEZ DO NEGÃO

O ex-prefeito, governador e senador Amazonino Mendes foi o alvo  das homenagens prestadas ontem durante os festejos dos 15 anos de criação da UEA na Assembleia Legislativa. Amazonino recebeu  elogios de A a Z,  pelo arrojo que demonstrou ao implantar o projeto de uma universidade “num estado de dimensões continentais”. Ao chamá-lo para entregar uma placa comemorativa ao reitor Cleinaldo Costa, o presidente da mesa, Belarmino Lins, o chamou “criador e pai da UEA”. Depois, o próprio Amazonino recebeu uma placa idêntica das mãos do deputado Adjuto Afonso, autor da sessão especial.

 

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Hoje a UEA é uma das maiores universidades públicas do país, com 26 mil alunos, 37 cursos regulares, mais 29 de oferta especial, nove cursos de mestrado, quatro de doutorado e 111 cursos de pós-gradução Lato Sensu.

PACOTE DE BONDADE COM A MANAUS AMBIENTAL

O projeto de lei do governo estadual que desonera o ICMS dos custos de energia da concessionária de águas Manaus Ambiental, foi objeto ontem de uma cessão de tempo para que o secretário executivo da Sefaz, Jorge Jathaí, fizesse uma explanação a respeito dos seus objetivos. Se aprovado vai promover a compensação de dívidas do governo e a equalização de custos da concessionária no projeto Proama. A renúncia fiscal de R$ 31 milhões, válida até 2018, vai compensar R$ 15 milhões de débitos de energia do governo, e destinar R$ 16 milhões para ajustar a tarifa de água.

 SERAFIM PREOCUPADO COM O DIA SEGUINTE

O deputado Serafim Correa não se mostrou entusiasmado ao anunciar ontem que o seu partido, o PSB decidiu votar a favor do impeachment da presidente Dilma. Sarafa, que vinha defendendo a tese da ‘cautela e canja de galinha’ e mostrando preocupação com o ‘after day”, continua indeciso se vale a pena tirar a presidente para assumir o vice Michel Temer. “E no dia seguinte? Quais são as propostas para nós sairmos da crise em que nos encontramos?” 

DEMOROU, MAS VAI SAIR

Os momentos negativos atraem suas conveniências. Depois de 19 anos o Supremo deve julgar hoje uma ação que questiona se é possível migrar do presidencialismo para o parlamentarismo por meio de emenda à Constituição. Se sim, pode ajudar o Congresso Nacional a encontrar uma solução para a crise política do país. Esta é uma tese já comentada por alguns ministros. E o que causa ‘estranheza’ e seu ‘ressurgimento’ agora no tumultuado clima do impeachment, depois de ter resistido a três aposentadorias de ministros; Néri da Silveira, primeiro relator; Ilmar Galvão, segundo; e Ayres Britto, o terceiro. Por fim caiu no colo de Teori Zasvascki. Bruxaria?

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ASSUNTOS: Corrupção, Eduardo Braga, frank lima, Lava Jato, Manaus, MPF, Policia Federal, TCE

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.