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Problema não está nos medidores de energia, está nos gatos que passaram a 'miar' alto em Manaus


Por Raimundo de Holanda

21/01/2022 20h25 — em
Bastidores da Política



Como o desemprego cresceu, a mesa ficou menos farta, um grande número de pessoas passou a subtrair da conta de luz ou água parte do consumo real, fraudando os contadores residenciais, o que não deixa de ser uma prática de corrupção - a mesma corrupção, em menor grau, da qual se acusa a classe politica. Uns chamam essa prática de gato, mas é roubo também...

O protesto da população contra a nova metodologia  aplicada pela concessionária de energia para medir o consumo das residências e a medida judicial que sustou a instalação dos novos medidores em Manaus apenas expõem a raiz de um problema maior: caiu a capacidade de consumo das famílias, consequência de uma política econômica desastrada. Como o desemprego cresceu, a mesa ficou menos farta e levou um grande número de pessoas a subtrair da conta de luz  ou água parte do consumo real, fraudando os contadores residenciais, o que não deixa de ser uma prática de corrupção - a mesma corrupção, em menor grau, da qual se acusa a classe politica.

Longe de defender a concessionária de energia, que peca e muito pela precariedade dos serviços, pela falta de uma comunicação aberta e franca com os consumidores,  importaria sim e agora, uma ação popular mais efetiva e duradoura, em nome do moralismo das políticas econômicas, contra a subserviência de grupos que têm o controle da economia e que a usam em desfavor do interesse público.

Não se vê na instalação dos medidores "ato lesivo ao consumidor”.  Lesiva é a politica econômica que  desvaloriza a moeda, eleva preços - do alimento ao transporte, da conta de luz  e água ao valor da cesta básica.

O monitoramento virtual, agora sustado, mostra um problema que vem do cume da pirâmide. A solução é politica e os políticos  têm não apenas o dever, mas a obrigação de interferir antes que atos que afetem na  base o cidadão sejam colocados em prática. Parlamento serve ao povo em qualquer democracia, mas no Brasil serve aos próprios políticos.

Em qualquer democracia o Parlamento interfere, contribui, ajusta as políticas econômicas visando o bem do povo. No Brasil, o Parlamento serve a si mesmo. Daí surgirem os orçamentos secretos e benesses de toda ordem.

Culpar a concessionária apenas porque tenta sanar um problema identificado no consumo, com a mudança de medidores, é fechar os olhos a uma dramática situação que a população e empresas vivem nesse momento especialmente critico da vida nacional.

O que estamos vendo em Manaus é o retrato de um país inteiro: gasolina mais cara, luz e água mais caras, fretes com preços que sobem cotidianamente, com reflexos em tudo o que dependa do combustível, desde a feira da Manaus Moderna até o Supermercado mais sofisticado, enfim:  é a consequência maléfica das decisões adotadas em Brasilia com a conivência dos políticos. De todos os políticos…

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.