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As pedras jogadas em Niltinho e o risco de você ser o próximo alvo amanhã


Por Raimundo de Holanda

05/06/2021 20h24 — em
Bastidores da Política



Niltinho e o efeito Orlof 

A perplexidade da Subprocuradora da República quanto ao fato de que, até a data de 02 de junho de 2021, foi a primeira vez que, em 30 anos, viu ocorrer, numa operação de prisão, busca e apreensão alguém receber a Polícia Federal a tiros, referindo-se a Nilton Lins JR, empresário local, merece alguns reparos:

1- Niltinho imaginou que havia não uma operação da Polícia Federal em sua casa, mas a repetição de um lamentável  episódio ocorrido em 19 de julho de 2011, quando sua casa foi invadida por assaltantes, seus filhos e mulher feitos reféns.

2- Niltinho não atirou contra os federais, conforme relatado pela imprensa, mas contra a parede, na suposição de que, sendo os supostos invasores assaltantes, recuariam.

Mas em meio as oitivas que darão balizas ao inquérito aberto pela Policia Federal, Niltinho já foi execrado pelo tribunal da internet, julgado e condenado.

O risco dessas execuções morais sumárias é elas se expandirem sem controle, atingindo em algum momento a todos, indistintamente, inocentes ou culpados.

Para não não ser a próxima vítima ou em sendo, ter direito de alegar em sua defesa que nunca se sobrepôs ao direito do outro, nunca colocou à prova a integridade do outro, nunca delinquiu, apesar de acusado, a recomendação é manter-se atento à avalanche de ódio, inveja e terror que contamina  corações e mentes via redes sociais.

O pedido de revogação da  prisão de Niltinho e de outros acusados foi negado neste sábado.

Para superar esse impasse, o empresário depende mais da visão critica, do profissionalismo e do entendimento do delegado que comandou a operação. É ele que vai dizer o que viu, e criminalizar ou não o incidente ocorrido em sua casa. 

Áudios do pânico provocado pela presença dos federais, inicialmente confundidos como não agentes da lei, revelam com clareza que a família não sabia que se tratava de uma operação federal, mas de um assalto.

 

Manaus é reconhecida nacionalmente pelas mazelas de uma grande cidade, dominada pelas facções criminosas e por todas as consequências negativas daí derivadas, que a cercam, com roubos, homicídios e outros crimes comuns a uma cidade com segurança pública precária.

Nilton alegou e demonstrou que pensou estar vivenciando mais um episódio de violência. Quando a Polícia Federal adentrou inesperadamente em sua residência, respaldada em mandado de prisão, busca e apreensão, provocou em Nilton, mais por indução de  seguranças que vigiavam a casa, o mesmo estado de vitimização da violência sofrida na data de 19 de julho de 2011, quando sua residência foi invadida por criminosos.   

Quem não reconhecer o estado emocional do empresário diante de um problema que despertou  traumas aparentemente não  superados em razão da violência  vivida por ele e sua família há  mais de 10 anos,   que atire a primeira pedra.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.