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O linchamento dos políticos


Por Raimundo de Holanda

23/03/2019 19h53 — em
Bastidores da Política



Há o que se chama de opinião pública, incentivada a desmoralizar os políticos e enquadrar a própria justiça com propósitos que afinal são escusos porque atendem a grupos de interesse com forte presença no poder.

 

O presidente Jair Bolsonaro não tem o menor tato para conversar com os políticos, embora tenha passado 40 anos de sua vida pública na Câmara dos Deputados. Continua sendo o velho capitão, achando que tudo pode ser resolvido no grito. É difícil a relação de seu governo com o Congresso e a tendência é piorar mais ainda.

Bolsonaro tem uma visão estreita e distorcida da democracia e de como os poderes funcionam, mesma dificuldade de seus colegas militares que para governarem criaram entre   66-77 os governadores biônicos, os prefeitos biônicos e os senadores biônicos.

Aliás, agora em 13 de abril fará 41 aos que o governo  baixou o pacote  de 1977 e com ele surgiram os senadores indicados pelo Executivo. Foi a solução encontrada para superar a dificuldade de governar com um Congresso majoritariamente oposicionista.

A data tem um significado importante porque o governo é militar, consagrado pelas urnas e pode surpreender com medidas que vão colocar em xeque a frágil democracia brasileira. Frágil porque é  absolutamente falsa a tese de que as instituições estão fortalecidas e consolidadas no país. Não estão:

-Os políticos, que representam uma dessas instituições - o Legislativo - estão sendo sistematicamente desmoralizados e linchados.

-O Supremo Tribunal Federal, com 11 ministros, não consegue se entender nem em relação ao que determina a Constituição do país.

- Há hoje um presidente atrapalhado e confuso, mas sob a proteção dos militares.  Há tentativa de mudar leis que garantem direitos básicos do cidadão - que o Congresso deve derrubar.

4 - E  há o que se chama de opinião pública, incentivada a desmoralizar os políticos e enquadrar a própria justiça com propósitos que afinal são escusos porque atendem a grupos de interesse com forte presença no poder.

- Por fim, há um ministério público fortemente aparelhado fazendo justiça com as próprias mãos, uma imprensa burra, que não entende o momento histórico que o país atravessa;  e há um claro inicio de uma inquisição moderna, onde o linchamento dos políticos, empresários e agentes públicos pode no final resultar numa tragédia humana que marcará para sempre a  historia destes tempos.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.