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O direito de ser feliz, abraçar os filhos e beijar a mulher


Por Raimundo de Holanda

13/05/2022 19h05 — em
Bastidores da Política



Quando você entra em casa, abraça seus filhos e  beija  sua mulher você de alguma forma está feliz.O trabalho vai bem, as contas vão bem e o estresse ficou para trás. Esse seu comportamento é uma extensão da liberdade, da garantia real de direitos. Você é feliz.

Quando as coisas vão mal na empresa, quando as contas chegam e você não pode pagar, você entra em casa batendo à porta, ignorando os filhos e a esposa, falando em reduzir gastos, e que seus filhos precisam mudar de escola. Esse comportamento revela que tudo aquilo pelo que você sonhou e lutou está sendo aos poucos suprimido.

Isso é uma restrição de direitos. Você está infeliz.

A felicidade é uma  conquista de direitos. Assim, felicidade e liberdade andam juntas. Sem a primeira, a segunda não existe.

Vejo com espanto que as autoridades que dirigem o Brasil não compreendem isso, ou compreendem equivocadamente que a felicidade é um direito garantido somente a eles.

Veja: nesta sexta-feira o presidente Bolsonaro disse que “marginais em gabinete roubam a liberdade do povo”. E deu uma dica: esses marginais estão dentro de gabinetes, com ar-condicionado.

Não disse quais são esses “marginais”, mas indicava, nas entrelinhas, que se referia aos ministros do Supremo Tribunal Federal.

A questão é mais embaixo. Bolsonaro erra ao falar de uma liberdade que o povo não conhece, nem utiliza, nem talvez faça falta: a de se expressar.

Num país onde esquerda e direita falam tanto em democracia é preciso construir a liberdade real, que passa pelo desenvolvimento econômico, pela oportunidade de empregos, por escolas em tempo integral, por saúde de qualidade, por investimentos  em tecnologia. Essas são as sementes da liberdade.

A democracia que está na boca de juristocratas que se apossaram do país, ou de um presidente que fracassou no seu dever de governar,  se esgota nos conflitos que têm, na obsessão de mostrar à sociedade  qual deles menos erra, num jogo de interesse disfarçado pelo bem do Brasil.

Democracia não está apenas em eleições livres. Está na forma de administrar compartilhando decisões com a sociedade e fornecendo aos cidadãos as ferramentas imprescindíveis para que todos tenham oportunidades.

Bolsonaro e alguns ministros do STF não são diferentes. Ao seu modo, cada um contribui para levar o Brasil para o fundo do poço, à medida que conspiram contra a felicidade dos brasileiros

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.