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Não subestimem Bolsonaro, nem a legião que o segue


Por Raimundo de Holanda

16/09/2021 18h49 — em
Bastidores da Política



Bolsonaro não é apenas um nome. É uma legião. Atrás dele há um grupo de fanáticos, parte de uma classe média insatisfeita e carente de uma figura que expresse sua frustração com a politica e o sistema judicial. E não riam do que não tem nenhuma graça...

Fico impressionado com o pensamento da mídia brasileira, com a visão míope de articulistas que só vêem um lado dos problemas pelos quais o País atravessa. O momento de tirar sarro de Bolsonaro, pelo seu inexplicável recuo, por exemplo,  não passou. Agora se estende de forma petulante, agressiva e perigosa. Invés de contribuírem com um pensamento crítico voltado para a distensão, que ainda é apenas aparente, alguns jornalistas da autoproclamada "imprensa profissional" estimulam o revide, que em algum momento virá, pelo simples fato de Bolsonaro não ser apenas um nome. É uma legião. Atrás dele há um grupo de fanáticos, parte de uma classe média insatisfeita e carente de uma figura que expresse sua frustração com a politica e o sistema judicial.

Bolsonaro é essa figura. Adicione-se a isso as igrejas protestantes, muito poderosas, empurrando seus fiéis para adorarem o mito, "o homem que Deus escolheu para salvar o Brasil", segundo alguns pastores, de olho nos bolsos e nas regalias colocadas à sua disposição como moeda de troca.

O momento é de evitar o colapso, que essa distensão arrumada não se sabe em troca de que interesse, comece a se desfazer como gelo. O risco é o líquido que deriva dessa fusão atinja um fio desencapado e resulte em um curto-circuito,  seguido de incêndio no  País.

Tudo o  que foi conquistado no dia 8 de setembro, após Bolsonaro assinar a Carta à Nação, pode ruir por causa da incoerência da imprensa tradicional, dos políticos profissionais e a pavonice de um ex-presidente chamado a apagar um incêndio, mas que em seguida ridiculariza quem aceitou a trégua.

O silêncio de Bolsonaro diante de um achincalhe que inunda as redes sociais e a imprensa tradicional,  não é um bom sinal.

Aquela reunião em São Paulo da nata empresarial do País e amplamente divulgada pela imprensa, não expôs  o ridículo de um presidente que supostamente se rendeu, mas o orgulho, a petulância e arrogância da classe dominante. Que afinal ganha sempre, seja com dólar alto, seja com queda das bolsas, seja com o empobrecimento do Brasil.

Essa gente rir porque está com estômago cheio, dinheiro no banco, no cofre do escritório e muitos negócios mundo afora. Para eles, com Bolsonaro  ou não, o Brasil vai muito bem, desde que tomem seu melhor vinho e contratem  o humorista André Marinho para fazer graça do que não tem nenhuma graça.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.