Não era mesmo prudente privar os manauaras de visitar os seus mortos. Mas por que fechar a praia?
Ninguém entendeu por que a Praia da Ponta Negra foi fechada no feriado do dia 2. Se o balneário não podia ser aberto ao público em razão de eventuais aglomerações, os cemitérios também não. Mas não seria lógico privar pelo segundo ano consecutivo os manauaras de visitar o lugar onde tanta gente foi enterrada sem direito a um adeus.
É, necessário, entretanto, um mínimo de coerência do poder público na hora de definir prioridades.
É do conhecimento das autoridades que o vírus da Covid continua matando em Manaus. Nesta quinta-feira foram duas mortes. E se a incidência de casos reduziu, não parou: há 70 novos registros de infecção pelo vírus em um único dia. O que significa que o lugar onde ele poderia estar presente, não apenas em razão da aglomeração, mas por “adormecer” entre os corpos sob sete palmos de terra, é o cemitério, não a praia.
Pesou o custo político na decisão de liberar os cemitérios e fechar a praia.
E se há custo politico é porque os políticos são pressionados a fazer o que não deveriam, levados a tomar decisões de alto risco.
No fundo, a culpa é da população, que parece mais descuidada do que nunca, mais exposta do que nunca a um vírus assassino que deu uma trégua, fez um recuo, enquanto procria variantes perigosas e mortais.
Que o inverno que está chegando não o potencialize. E que Deus nos ajude…
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.