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A mulher de coragem que barrou Bolsonaro e testou sua arrogância


Por Raimundo de Holanda

11/04/2021 19h07 — em
Bastidores da Política



Só Bolsonaro não percebe a gravidade de uma doença que já matou cerca de 360 mil brasileiros. O que ele não esperava era que gente do povo, uma mulher simples que vende frango frito o barrasse na entrada de sua barraca: “Posso entrar?" Perguntou o presidente.  Ela respondeu na lata:  "Não pode”, ao vê-lo sem máscara.

Bolsonaro, mesmo assim, comprou  a iguaria, ficou fora da barraca e engoliu uma coxa de frango seco,  que deve ter rasgado sua garganta.

É possível imaginar o que o presidente, arrogante do jeito que é, autoritário do jeito que é, desrespeitoso com as mulheres do jeito que é, pensou em fazer naquele momento. No fundo, por um instante, deve ter se contido em responder secamente à mulher: 'então mete esse frango…’ Mas , desconcertado, nada disse.

Fez falta para o presidente a presença do filho número 2, Eduardo Bolsonaro, conhecido pelos amigos como 'pitbull', que dias atrás, ao se reportar a resistência  de parlamentares mulheres a peraltices armadas na Comissão e Constituição e Justiça da Câmara,  postou nas redes sociais essa aberração: “Parece, mas não é a gaiola das loucas, são só as pessoas portadoras de vagina na CCJ sendo levadas a loucura pelas verdades ditas pelo Dep. EderMauroPA 1.000°”.

No fundo, no fundo, a vendedora de frango frito seria tratada dessa forma, desrespeitosa, por um deputado que não entende que o órgão  genital feminino é um espaço de prazer, com ligação com a vida que se forma no útero e que se abre no canal do parto. Nada mais sublime.

Foi simbólica essa tentativa de desprezo pelas mulheres porque, em resumo, representa o desprezo que esse governo tem pelos que ainda estão vivos, pelos que ainda vão ser gerados ou nascer. Desprezo pelo sentimento dos que perderam pessoas amadas. E não foram poucos os que tombaram nestes meses vitimas de Covid: cerca de 360 mil, dos quais mais de  12 mil no Amazonas.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.