Morte e dor entre 4 paredes e um silêncio cúmplice aqui fora
Em três dias - entre sábado e esta segunda-feira, 18 pessoas morreram por complicações provocadas pela Covid 19. É um número ainda alto, que aponta para um controle - ou falta dele - ainda precário da pandemia em Manaus. Somente nesta segunda-feira os enterros com laudos apontando como causa mortis a Covid foram cinco, seis no domingo e outros sete no sábado.
Os dados não aparecem com a clareza necessária nos boletins que a Fundação de Vigilância Sanitária divulga diariamente, mas nos atestados de óbito levados aos cemitérios pelos familiares das vítimas.
São eles que revelam uma dor aguda e silenciosa, que ecoa entre paredes de casas humildes e que a sociedade consumista, ;permissiva, cúmplice e descuidada insiste em ignorar.
A verdade só vem à tona quando morre um homem público. E mesmo assim a causa real da morte não é divulgada.
Não é só o vírus que está matando no Amazonas - e vai continuar matando - é a ignorância do povo, a cumplicidade das autoridades com a pandemia, a submissão a interesses políticos e econômicos.
Há 20.134 pessoas com diagnóstico de Covid-19 "sendo acompanhadas”, 219 novos casos confirmados nas últimas 24 horas no Estado, 361 pacientes internados e as mortes já somam 2.989.
E nas ruas da cidade, um candidato sem máscara abraça um eleitor em situação de risco. Até quando vamos fechar os olhos para o problema?
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.