A marcha para Bolsonaro em Manaus
A Marcha para Jesus, realizada neste sábado pelas igrejas evangélicas em Manaus, merece quatro observações importantes:
1- Jesus ficou escondidinho, nas palavras, nas orações e na crença de que Ele, e não Bolsonaro, é o Senhor. Os fiéis demonstraram, de forma explicita, que são mais bolsonaristas do que cristãos. Assim, o grito não foi de louvor a Jesus, mas de exaltação ao homem que chamavam de “mito”.
2 - Bolsonaro, ao caminhar pelas ruas de Manaus, deixou em pânico os homens que o protegiam, provavelmente policiais federais. O presidente pareceu sem controle e rompeu em vários momentos o próprio cordão humano colocado para protegê-lo. Se expôs muito ao se aproximar das pessoas para cumprimentá-las. Cabe às autoridades reavaliar esse comportamento e mostrar a Bolsonaro os riscos dele derivado.
3 - Bolsonaro reafirmou que manterá a redução do IPI para todo o País, e isso inclui o Amazonas. Pelo menos foi sincero, não vendeu facilidades, não fomentou ilusões.
4 - Falou do potencial econômico do Estado, das riquezas minerais inexploradas, mas fez nova citação à Zona Franca. Disse que ninguém mexerá no modelo - além, imagino, do que ele mexeu. O que parece ser menos ruim, porque entre mau e péssimo, o menos ruim é ficar como está, porque ainda há um sopro que permite que as empresas permaneçam em Manaus, apesar das perdas que terão pela frente, caso as ações movidas pelo Amazonas contra o Decreto do IPI caia no Supremo Tribunal Federal.
O resto foi a fala de sempre - do comunismo - que é o fantasma da sua vida, e do socialismo, que ele nem percebe que é ou foi praticado de forma inversa e artesanal por alguns de seus aliados, que adotaram em seus gabinetes um sistema pelo qual os assalariados devolviam aos seus patrões - parlamentares de Brasilia - parte de seus salários para serem aplicados em ações sociais - festas, viagens, prazeres. Uma espécie de sociedade informal, mas coletiva. Desculpem a ironia…
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.