Compartilhe este texto

Jovens precisam ocupar as ruas do Brasil, pela justiça e pela liberdade


Por Raimundo de Holanda

14/04/2021 19h55 — em
Bastidores da Política


  • Um país  sem governo ou desgovernado precisa, urgentemente, dos jovens nas ruas. Parodiando Cazuza em sua “Ideologia”, e por razões bem diferentes desse autor tão consciente da doença e do tempo em que vivia: os jovens não vão querer pagar  a conta do analista pra esquecer quem são…

Há muito tempo os jornais mantinham uma coluna de obituário. Era muito lida. Todo mundo queria saber quem havia morrido, se entre os nomes listados ali havia algum conhecido. A morte era uma ameaça distante e, jovens, perecíamos imortais. Afinal, só  se morria de velhice… O tempo passou, a violência cresceu e os jovens passaram a morrer mais, vítimas das drogas, da perseguição político-militar, do preconceito de cor e da fama de ser comunista. Pensar, debater, questionar era um mau sinal.

Os jovens não pararam de morrer.  Aliás, morrem como moscas na  periferia das grandes cidades. Mas pararam de pensar, pararam de defender a liberdade e a justiça,  pararam de denunciar a opressão, a perseguição política, pararam de apostar que a luta do agora fará o Brasil de amanhã.

Não precisavam se render, nem repetir o que Cazuza, por outras razões, disse na sua bela “Ideologia”:  'Os meus sonhos foram todos vendidos/ tão barato que nem acredito/ que aquele garoto que queria mudar o mundo… '

Aquela geração, da qual faço parte, queria mesmo mudar o mundo, pintávamos nossas rostos de verde e amarelo, lotávamos as praças em um grito uníssono por liberdade e justiça. Que houve com a geração atual ? Enquanto nós envelhecíamos sem nos render, as  novas gerações surgiam sem o mesmo vigor, sem esse compromisso com o país e a liberdade, com o progresso e a justiça.

Deixaram as feras soltas. As hienas que devoram o Brasil, que se assenhorearam dos poderes da República; que fizeram da Justiça um teatro;  da politica, uma latrina; das igrejas um centro de extorsão da pobreza e da exploração da fé.

Um país sem governo ou desgovernado precisa, urgentemente, dos jovens nas ruas. Parodiando Cazuza em sua “Ideologia”, e por razões bem diferentes desse autor tão consciente da doença e do tempo em que vivia: os jovens não vão querer  pagar a conta do analista pra esquecer quem são…

@@@@

Cazuza, na dimensão de luz em que certamente se encontra, há de me perdoar por ter alterado os versos tão belos de sua imortal “Ideologia”.  Mas é por uma boa causa…

Siga-nos no


Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.