O medo dos politicos
Ninguém podia imaginar a extensão do escândalo de corrupção no Brasil. As ‘planilhas da Odebrecht’ divulgadas pelo juiz Sérgio Moro começam a mexer diretamente com políticos locais. Mas por enquanto são doações de campanha, admissíveis num sistema eleitoral permissivo vivido nos últimos anos pelo País. O que não foi divulgado ainda é que pode ser, seguramente, estarrecedor. Vem aí o acordo de leniência da Camargo Correa, que deve pegar obras da empresa em todo o Brasil. Talvez revele segredos escondidos na Ponte Rio Negro e os ingredientes que elevaram seu valor inicial, de R$ 500 milhões para R$ 1 bilhão.
Nada assusta mais alguns políticos do que esses acordos, seja de leniência seja de delação premiada. O primeiro livra as empresas de investigações futuras, desde que revelem toda a ação ilícita que desenvolveram ou alimentaram. A segunda pode reduzir a pena do acusado. Por isso, para um pequeno grupo, tem sido uma tortura a espera pela homologação das delações dos executivos da Andrade Gutierrez pelo Ministro Teori Zavascki , do Supremo Tribunal Federal. Essas confidências dos executivos da empreiteira à força-tarefa da Lava Jato pegam as obras da Arena Amazônia e do Prosamim e podem revelar o tamanho dos negócios escusos que a empresa mantinha com esses políticos. (RH)
Governo 'presenteia' empresa. Você paga a conta
O governo do Estado enviou projeto de lei à Assembleia Legislativa propondo a isenção do ICMS no valor de R$ 30 milhões para a concessionária de águas Manaus Ambiental. A justificativa: sanar dívidas do Estado com a empresa e ‘segurar’ o aumento da tarifa para os consumidores. Na realidade se trata de transferência de responsabilidades da gestão pública para o contribuinte. Primeiro, o consumidor vai continuar pagando a tarifa com o ICMS embutido: transferência do pagamento da dívida do governo. Segundo, na mesma linha o consumidor paga ‘indiretamente’ o aumento da tarifa. .
SERAFIM PEDE CAUTELA
A divulgação da lista do TCE com 510 gestores com contas reprovadas nos últimos oito anos no Amazonas, deve iniciar um novo processo de transparência na eleição deste ano. Na Assembleia Legislativa, por exemplo, o ex-prefeito e deputado Serafim Correa, que tem preensão de disputar a prefeitura de Manaus, pediu cautela ao TCE, lembrando que quando se divulga nome como sendo ficha suja isso fica ‘impregnado’. “Temos visto que são divulgados nomes como se tivessem sido punidos por ter suas contas rejeitadas por atos de improbidade. Se sair nome que não foi transitado em julgado, vai sobrar para o TCE e TRE.”
MUITA GENTE PODE SER PRESA
Com a cabeça desgovernada devido a pressão política e jurídica que vem sofrendo, Lula começou a falar algumas verdades que a Lava Jato trouxe à tona. Por exemplo “Temos leis para o cara saber até o papel higiênico que a gente usa.” Ou “Não pretendo desistir da minha participação no governo por causa de “meia dúzia de acusações”. Diante de uma plateia de sindicalistas ‘ligados’ ao governo petista, Lula sentenciou: “Quando isso terminar, você pode ter muita gente presa, mas pode ter muita gente desempregada nesse país.” Por enquanto são só os trabalhadores atingidos pela crise, mas se Dilma cair a ‘militância paga’ também, estará desempregada.
DEFESA DE LULA
No seu artigo de ontem intitulado Armageddon, o ex-ministro Delfim Netto afirma que a escolha de Lula, que é um negociador competente e pragmático, objetivou basicamente unir o PT, que é quem tem criado as maiores dificuldades para o governo. Para Delfim, o PT sabe que sem a sua liderança carismática “será apenas um pequeno partido reacionário a serviço de um sindicalismo míope a serviço do corporativismo do funcionalismo público.” Matou a pau! .
ASSUNTOS: Amazonas, icms, manaus ambiental
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.