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Governo do Amazonas erra no combate a Covid, mas quer tornar Aleam cúmplice


Por Raimundo de Holanda

04/04/2021 20h17 — em
Bastidores da Política



A Semana Santa encerrou com o Domingo de Páscoa, mas há muito peixe para ser vendido fora dos ritos religiosos. Nesta segunda-feira o governo do Amazonas venderá suas pirararas aos deputados na Assembléia Legislativa:  vai revelar a mágica de como está se preparando para enfrentar uma eventual terceira onda de Covid 19. É bom assistir - a transmissão será pelas redes sociais - e ver a cara dos vendedores de ilusões.  Primeiro, porque não há remédio, exceto a vacina, ainda escassa, e o distanciamento social -  do qual o governo abriu mão e expôs de forma temerária a população. Segundo,  porque um governo que mente tem que ser tratado com reservas, a máxima cautela e questionado de forma incisiva pelos parlamentares.

O que o governo deseja é tornar os deputados cúmplices de uma tragédia anunciada.

Se o peixe preparado para enfiar goela a dentro dos parlamentares for a pirarara, nossos representantes  precisam saber que o pescado é liso, visualmente atraente, com as nadadeiras adiposas, dorsal e anal de cor alaranjada brilhante. Há quem goste, mas os caboclos  não levam à mesa…

O que vai dizer o secretário de saúde, Marcellus Campêlo?  Vai dizer que o governo não desativou as utis, que novos leitos estão sendo criados, que não faltará oxigênio. Tudo isso é bom, mas não o suficiente. Pode sustentar a vida de uns, mas certamente não impedirá que milhares de amazonenses morram.

A primeira explicação que os parlamentares deverão cobrar - e se espera isso dos representantes do povo - é como as autoridades de saúde estão acompanhando 38 mil pessoas infectadas com a Covid 19 e que permanecem em casa?  (Este dado está no Boletim da FVS). Quais as medidas de biossegurança adotadas para impedir que essas pessoas transmitam o vírus para seus familiares?  Como é monitorado o  isolamento de um doente tratado em casa ? Que tratamento recebe? Quantas vezes é visitado por um médico ou assistente social ?

Não tem como prever uma terceira onda, mas também não tem como evitá-la. Se acontecer - e esperamos que não aconteça - todo o ônus de uma nova tragédia irá para a conta pessoal do governador Wilson Lima, que abriu mão das medidas de distanciamento social.  Os deputados precisam ter cuidado para não se tornar cúmplices de uma nova mortandade provocada pela falta de um governo forte, capaz de resistir a grupos de interesse.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.