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Governador do Amazonas coloca R$ 500 milhões nas mãos de investigado e deixa a vida levar...


Por Raimundo de Holanda

16/07/2021 19h31 — em
Bastidores da Política



Duas semanas após a prisão do seu secretário de Inteligência, o governador Wilson Lima mantém o mais absoluto silêncio sobre o caso. Despreocupado, faz campanha antecipada, inaugura pequenas obras e reúne com prefeitos do interior. O que vê no horizonte não são nuvens pesadas que se formam e prenunciam grande tempestade, mas a reeleição.

Obcecado pelo poder, sem nunca ter exercido plenamente - seu governo é um triunvirato - DC,LB, e depois ele.-Wilson vira as costas para os sucessivos escândalos que saem ou entram no Palácio da Compensa. Acaba de designar para a gerência do Prosamim, com meio bilhão de reais em ativos para investimentos, um ex-secretário indiciado pela Procuradoria Geral da República, que teve o sigilo bancário e fiscal quebrado e que se tornou réu no mesmo processo no qual Lima responde por Organização Criminosa

Mas se o governador anda despreocupado, nada de estranho nisso. É sua natureza. O homem que deixa a vida rolar…como naquele samba do Zeca Pagodinho.  Afinal, em matéria de guarida,  ele sabe que conta com proteção poderosa.

Então, banana pro povão, porque, como diz os versos do grande sambista brasileiro que cabem na boca do governador, "Só posso levantar as mãos pro céu/…e ser fiel/ Ao destino que Deus me deu/Se não tenho tudo que preciso/Com o que tenho, vivo/ De mansinho lá vou eu”. E coloca mansinho nisso, porque nada perturba o governador que tem uma estranha falta de discernimento do perigo que ronda o seu governo.

A recente operação do Ministério Público-Gaeco, que identificou um núcleo do crime organizado dentro da Secretaria de Inteligência está permitindo aos investigadores fazer conexões com gente mais poderosa no governo e que, apesar de denunciada por participar de grupo de extermínio em 2005, o inquérito saiu da Policia Federal para o Ministério Público Estadual e acabou arquivado por falta de provas.

Era um tempo em que promotores e procuradores estavam de olhos vendados.  Mas as coisas mudaram.  Caiu a trave.

Agora  serão expostos os maus servidores.  Não é sem tempo. E  pode até  resultar num ponto final na vida política do governador. Essa vida mansa de Wilson, com tanta guarida, está no fio da navalha

- Veja também: Após ser preso pela PF, Marcellus Campêlo vai coordenar projeto do governo do Amazonas

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.