Em relação a Covid 19 no Amazonas, Wilson tem lampejos de lucidez
Num lampejo de rara lucidez o governador do Amazonas, Wilson Lima, advertiu que uma terceira onda da Covid 19 é inevitável, e alertou que é preciso manter os protocolos recomendados pela OMS: higiene das mãos com álcool em gel, uso de máscara e distanciamento social. Enquanto falava, parecia outro homem, mais consciente, mais determinado a conduzir para porto seguro um barco que capitaneia e faz água. E mortes pela Covid, que já somam 12.088. Mas era um discurso, tanto falso quanto vazio.
Wilson em seguida passou anunciar o que ele chamou de “flexibilização” das medidas restritivas que vigoraram no último mês. Mas o que fez foi abrir literalmente a porta para o vírus fazer novos estragos, criar novas cepas, infectar e matar mais amazonenses.
A maior parte das atividades comerciais retornou ao status anterior, no qual os restaurantes funcionavam de 6 da manhã as 23 horas, os balneários não tinham nenhum controle e os bares faziam a festa.
Com base em que estudo técnico ou científico o governador tomou a decisão arriscada de estender o horário de funcionamento do comércio, especialmente bares, restaurantes e balneários?
Não olhou os números de fevereiro: 49.088 novos infectados e 1.794 mortos. E no mês que encerra hoje, 31, com 673 óbitos por Covid no Estado do Amazonas e 33.223 casos de novas infecções.
Apesar da queda do número de óbitos, as infecções ainda são altas e a aparição de novas cepas do coronavírus pode resultar em um grande problema para a rede hospitalar nas próximas semanas.
Essa queda no número de mortos não é por caso. Ela é produto do distanciamento social e de restrições as atividades comerciais. Abrir a porteira agora, como fez o governador, é uma medida pouco responsável e de alto risco.
O problema de WL é que ele vive em um mundo paralelo, talvez nem governe. Mas na redoma na qual foi colocado não percebe que seu governo adoeceu, que o barco que comanda ou deveria comandar está afundando. Na eventualidade de naufrágio total, talvez nem se mova. Enquanto afunda apenas acene e, num gesto derradeiro, exclame tristemente: ”Alô Amazonas…"
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.