Eles retornaram e agora batem à sua porta. Vai abrir ?
Era difícil falar com eles depois daquele aperto de mãos que completou quatro anos, daquele abraço suado e do café ralo que tomaram na porta de casa. Mas eles estão de volta e sorriem como se nunca tivessem desaparecido. Batem na nossa porta, entram na nossa sala, mijam no nosso banheiro. Retornam como filhos que sumiram numa noite que durou 1.440 dias. O afeto dissimulado é o mesmo, o calor é o mesmo, as promessas são as mesmas. Eles estão mais bonitos, engordaram e parecem mais felizes.
As crianças olham para eles com admiração. Estão na tv, mostrando o que fizeram ou vão fazer, ou que nunca fizeram mas prometem que farão agora.
Eles são políticos, para os quais essa é a hora de retornar para dizer que nós - povo - não fomos esquecidos. “Veja estou aqui”, repetem com uma intimidade que, para muita gente humilde, renova esperanças perdidas. Afinal, o povo vive disso: da espera de um novo tempo que não chega. Mas tem muita gente que perdeu a paciência, que viu a vida ser transformada em pesadelo nos últimos anos.
Fico imaginando se essa ainda é a forma de ganhar uma eleição. Ou quem não aprendeu com os erros - o eleitor ou os políticos ?
Para responder, acho que os políticos começam errando. A mensagem transmitida é ruim e repetitiva. Não cola mais.
Os eleitores aprenderam com o sofrimento. Não acreditam mais em promessas e sabem que tudo vai ficar mais difícil no próximo ano. Que todo o cenário de crise que vem sendo desenhado vai se refletir na mesa, na quantidade de pão atualmente servida, na escola do filho, no transporte, na segurança. Que caminhamos para um mundo pior, para um país a ser reconstruído, para um Amazonas a ser repensado.
Então, as estratégias de marketing que começam a ser montadas são lixo que não fidelizam mais, não engajam e podem servir como instrumento de rejeição dos candidatos.
Mas não se vive sem a politica. E políticos são importantes - quando fazem o papel para o qual foram eleitos. Então, em quem votar nesta eleição, seja para deputado estadual, deputado federal, senador ou governador?
Naqueles dispostos a pensar o futuro, de inserir os eleitores em um projeto que se traduza em felicidade na medida que incorpore sonhos e desejos do povo. Votar naqueles capazes de, num grande esforço de união com a sociedade, promover a multiplicação de empregos - o melhor caminho para colocar pão na mesa e esperança nos corações.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.