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Dorme em paz, Thiago de Melo. A cor do mundo não vai mudar…


Por Raimundo de Holanda

14/01/2022 20h22 — em
Bastidores da Política



Eu preferia o silêncio deste dia, das lembranças em que perdemos tantos amigos que não conseguiam respirar. Mas Thiago tinha que se juntar a essa saudade, tinha que dizer adeus. Ele, amante das flores do  campo, da floresta, da vida e da liberdade. Ele que acreditava em um mundo que agora se revela uma utopia: “o homem se sentará à mesa com seu olhar limpo, porque a verdade passará a ser servida antes da sobremesa”.

Thiago faz a grande viagem em um ano em que a verdade sucumbe diante da mentira, mas seu poema subsistirá às ruidosas transformações desses tempos de ódio e da desconstrução de valores que ele pregava incessantemente em suas poesias.

O lobo ainda devora o cordeiro e o dia em que pastarão juntos está distante e talvez dure mais “dez séculos” para que ambos compartilhem da mesma comida com gosto da aurora.

Porque os lobos atuam em bandos e eles se multiplicaram no Pais que você, Thiago,  amava. Porque os cordeiros nem pastam mais, famintos, isolados em favelas, perdidos e sem esperança.

Ë verdade Thiagão, faz escuro e é preciso cantar para a esperança não morrer.  Mas o sol se pôs Thiago. Dorme em paz. A cor do mundo não vai mudar…

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.