Dom Phillips e Bruno não merecem o circo que começa a ser montado
Tudo ia bem, até o ministro-conselheiro da embaixada brasileira em Londres, Roberto Doring, avisar à família de Dom Phillips que o corpo do jornalista havia sido encontrado. A PF logo desmentiu, mas a informação, falsa, provocou um frisson na mídia e correu o mundo. Uma pegadinha? O caminho agora é deixar a polícia trabalhar. Ou tudo vai virar um grande circo.
Se há duas coisas difíceis de fazer no Brasil é polícia (ou trabalho policial investigativo), e jornalismo. Sempre tem os que se sobrepõem as informações ou investigações e as deturpam ou se assenhoram de versões alternativas que conspurcam a verdade e comprometem todo um trabalho de apuração e esclarecimento dos fatos. O exemplo mais recente é o caso envolvendo o desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips.
As coisas iam bem até domingo, quando a força-tarefa composta pela PF, Policia Militar, Bombeiros e pessoal fornecido pelo Exército juntava provas, prendia o principal suspeito, ouvia testemunhas, colocava a perícia para identificar DNA das supostas vítimas e avançava num caso que parecia próximo de ser solucionado. Aí entra o ministro-conselheiro da embaixada brasileira em Londres, Roberto Doring, avisando à família de Phillips que o corpo do jornalista havia sido encontrado. A PF logo desmentiu, mas a informação, falsa, provocou um frisson na mídia e correu o mundo.
Uma pegadinha ? Uma tentativa de tumultuar uma investigação que ia bem e caminhava ou caminha para uma conclusão e prisão dos envolvidos? Ou estratégia para fazer a mídia tradicional entrar no que ela mais combate: as fake news?
Não se sabe, mas partindo de uma autoridade credenciada pelo governo para representar o País no exterior é gravíssimo. De onde ele tirou essa informação?
O problema no Brasil é que todos querem tirar proveito de fatos com grande repercussão. É um país onde a classe dominante é muito esperta. Tão esperta que enriqueceu, alcançou cargos de relevância em várias instâncias de poder. É só observar algumas decisões judiciais em torno do caso, ou o oportunismo da classe politica, agora determinada a constituir uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a violência no Vale do Javari (Por que somente agora? Por que é ano eleitoral?) Ou a ideia estapafúrdia de criar uma comissão externa para também atuar na área. Que é isso?
O caminho agora é deixar a policia trabalhar. Ou tudo vai virar um grande circo. O caso exige mais que isso...Exige comedimento das autoridades do governo e, porque não, da imprensa ?
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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.