Deixamos que a morte morasse ao lado e nos acostumamos com ela
O número de casos e mortes por Covid 19 registrado nas últimas 48 horas no Amazonas era previsível. O sinal vermelho acendeu ainda em setembro, quando o secretário de Saúde, Marcellus Barroso Campêlo, enviou o ofício n 1757/2020 ao governo Federal solicitando auxilio para a construção de um hospital de campanha. Os recursos não saíram, mas a segunda onda de Covid é real e já ameaça saturar a rede hospitalar, onde as internações cresceram muito nas últimas semanas.
Mas por que esse vai-e-vem da Covid, transitando do nível estável para o acelerado com uma frequência inusitada ? Porque o controle sanitário/epidemiológico é precário, as medidas de controle inexisrem, nem os protocolos da Anvisa são seguidos. Os doentes diagnosticados com o vírus, mas com sintomas leves, são mandados para casa sem nenhum acompanhamento médico e acabam se transformando em potenciais transmissores do vírus, primeiro entre familiares, depois entre amigos.
O resultado está aí - o registro de casos explodindo e o número de mortos crescendo.
Esse virus se alimenta de duas coisas: da incapacidade que os governos tem de enfrentá-lo e da ignorância de parte da população, que só se dá conta que não se trata de uma “gripezinha" quando ele leva os avós e os amigos para o cemitério.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.