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A caixa-preta da comunicação do governo do Amazonas


Por Raimundo de Holanda

28/02/2019 22h04 — em
Bastidores da Política



A secretária Daniela Assayag  disse que não foi notificada da decisão de fornecer informações sobre os veículos de mídia que publicaram matéria publicitária do governo nos últimos anos. Mas sua assessoria jurídica, em defesa da secretária,  elenca uma série de medidas tomadas pelos seus antecessores para evitar que a informação se tornasse pública. 

Assayag afirma que não foi instada a  atender pedido formulado pelo publicitário Durango Duarte e que acabou sendo judicializado. De fato, não foi, mas como o governo é uno e o que muda são os gestores, a cada quatro anos, cabia a ela, sim,  como nova titular da Secom, tomar conhecimento do fato e  fornecer as informações, além de torná-las públicas a partir de agora. Ou recorrer, como parece ser sua vontade, fechando de vez uma caixa preta que a sociedade exige que seja aberta. Na contramão da transparência está um governo de novatos e uma secretária que se distancia das promessas do candidato e agora governador de "acabar com os velhos costumes". 

Ao entregar cerca de R$ 50 milhões as agências  de publicidade o governo do Amazonas não pode continuar alegando que cabe a essas empresas a responsabilidade pelas veiculações, quando apenas utilizam o orçamento disponível para atender interesses do governante de plantão em determinados veículos.

Daniela, se entende um pouco de administração pública pode seguir o exemplo da semcom - da Prefeitura de Manaus - que  disponibiliza no Portal Transparência o que gasta ou paga com a mídia veiculada em cada meio de comunicação.

Já chegou ou está chegando na mesa de Daniela uma recomendação do Ministério Público de Contas nesse sentido.

A questão, entretanto, não parece fácil para a secretária. Esbarra em grupo  de interesse que exerce  forte pressão sobre um  governo do qual é irmão siames.  Uma separação de xifópagos sempre é de alto risco. Para os dois lados.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.