A carta que salvou a menina de 11 anos violentada pelo 'avô'
As meninas de meu tempo de garoto sonhavam com sapos que se transformavam em príncipes e os meninos com princesas que acordavam com um beijo. As brincadeiras não eram como agora, nem os amores que construíamos tão cedo, com mãos dadas e beijos roubados inocentemente. Nossos pais, avós, tios, nos cercavam de cuidados. Éramos, para eles, o futuro. Nós confiávamos neles.Essas memórias ressurgem diante do episódio dramático vivido por uma criança de 11 anos, atacada sexualmente pelo marido da avó em Manaus.
A menina que buscou abrigo nos braços do avô-drasto viveu um grande pesadelo. Acordou com uma serpente e um lobo que devoraram seus sonhos, sua infância, sua vontade de viver.
Ela pediu ajuda a uma irmã e o socorro finalmente chegou. Mas os sonhos de menina podem ter ficado pelo caminho, a crença nos adultos que teve o tecido arranhado será difícil restaurar.
O incrível é a forma pela qual ela buscou socorro: não foi uma mensagem de celular, nada que a tecnologia faz chegar hoje facilmente a qualquer criança. Ela escreveu uma carta relatando seu infortúnio, a agressão que vinha sofrendo. E o socorro chegou…
Nada que impedisse que ela saísse ferida, carregando cicatrizes que provavelmente nunca desaparecerão.
Mas se livrou de um pesadelo e agora pode sonhar. Com alguma ajuda, reaprenderá a olhar para frente, a acreditar no futuro, a construir relações, a fazer amigos, a acreditar que nem todo mundo é perverso.
E as outras crianças que vivem o drama que ela viveu, quando o socorro chegará ?
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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.