Está todo mundo cansado. Os leitores da coluna, que não aguentam mais ler sobre  Covid e mandam mensagens abusadas pelo WhatSapp. Eu também ando cansado - da estupidez do governo,  que não enxerga o óbvio; do cidadão desastrado que vai para o supermercado sem máscara; das mortes cuja causa real  é ocultada;  do politico que diz que ninguém está morrendo de covid no Amazonas, da cor do mapa do Estado que muda todo dia do amarelo para o vermelho no Jornal Nacional.

Ou todo mundo enlouqueceu ou é mesmo hora de sair para as ruas e encarar o vírus.  Morrer é o mal menor. O mal maior são governos genocidas, políticos pervertidos que chamam a verdade de  “fake” e conduzem  como boiada todo um povo por uma estrada perigosa.

Como todo mundo, sinto falta de ir a uma praça, visitar uma feira, ir ao cinema. Mas não posso.

E fico em casa, olhando novelas de 10 anos atrás, filmes que já foram reprisados centenas de vezes. Sinto falta de novidades e a TV aberta não oferece. O confinamento leva ao desespero. Ligo a TV Justiça, a melhor TV do Brasil, e as  sessões se tornaram muito protocolares, todas virtuais. Falta o calor do plenário, do Gilmar, meu herói, provocando o Barroso:”Ah, agora vou dar uma de esperto e vou conseguir a decisão do aborto, de preferência na turma de três ministros. E ai a gente faz dois a 1”.  Que provocação linda. aquela da sessão do dia 21 de março, quando a pandemia ainda se concentrava na China.

Lembro daquele dia  como se fosse hoje. Eu vibrei quando o Barroso veio franco, direto, ferino e disse: “"Me deixa de fora desse seu mau sentimento, você é uma pessoa horrível, uma mistura do mal com atraso e pitadas de psicopatia”. E o meu herói, sem nenhum constrangimento, pegou um tijolo (pura força de expressão) e tacou no Barroso: recomendando ao ministro que fechasse  seu escritório de advocacia. Ministro pode ter escritório de advocacia?

Ninguém investigou. Porque ninguém investiga os deuses  do STF. 

Não sai do tema da coluna não. É a saudade que sinto  das lutas do Barroso com o Gilmar. Agora os vejo, como outros ministros do STF, interagindo pela internet, entre paredes lotadas de livros que muito provavelmente nunca foram lidos.  

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PS: A propósito, nesse período  de tantas repetições  na TV, estou lendo os  5 volumes dos anos de chumbo, escritos  por Elio Gaspari sobre a Ditadura no Brasil. Vale a pena conhecer um pouco da  história do  País, que aos poucos vai saindo dos esgotos dos governos militares. Recomendo para quem, por pura insanidade, defende a volta dos militares ao poder, sem Congresso e STF.