A blindagem que protege o governador Wilson Lima é de papel machê
A blindagem que protegeria o governador Wilson Lima de um possível afastamento ou mesmo de prisão parece feita de papel machê. A cada operação da Polícia Federal a fortaleza, vendida ao governador por grandes escritórios de advocacia e lobistas conhecidos, se rompe e no seu lugar surge o papel picado e amassado no qual a sua administração foi transformada.
Sem blindagem, Wilson é exposto e desidratado, mas a Procuradoria Geral da República não o denuncia. Estranhamente busca, seis meses depois da primeira operação da PF, que o apontou como líder da organização criminosa que superfaturava respiradores, "elementos que reforcem o acervo probatório” contra ele.
Mas quais elementos? Não foram suficientes as provas obtidas pela Polícia Federal, que o apontou como líder da organização criminosa que superfaturava respiradores em plena pandemia de coronavírus?
O que a subprocuradora Lindora Araújo pontua, ao justificar a operação desta segunda feira, apenas indica que a PGR não vê, ao contrário da PF, que há materialidade e indícios de autoria para fazer a denúncia e pedir o afastamento do governador.
A blindagem de papel machê só subsiste e serve de proteção a Wilson porque há dois atores nos dois lados da sua estrutura. Mas se desabar com o vento forte das ruas, não apenas Wilson Lima restará abatido entre o papel picado, mas também o conceito da PGR ficará fortemente abalado.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.