Compartilhe este texto

A agonia dos usuários de transporte público precisa acabar


Por Raimundo de Holanda

12/07/2016 23h13 — em
Bastidores da Política



O prefeito de Manaus, Arthur Neto, fez sua parte. Foi ao limite para impedir o reajuste da tarifa de ônibus. Mas o vai-e-vem de decisões judiciais, concedendo e sustando o aumento da passagem acabou  agravando o problema do transporte público: há menos ônibus circulando nas ruas  e as greves pipocam  a todo momento,  prejudicado os usuários. Quando interesses de empresas e trabalhadores convergem – as primeiras querem o reajuste da passagem de ônibus e os segundos o aumento de salários, fica difícil responsabilizar uma ou outra parte por desrespeito a decisões judiciais.  Ademais, é imperioso resolver essa questão que abala  a cidade,seja pelo sacrificio de quem amanhece o dia sem poder ir ao trabalho porque falta coletivo, seja pelos inúmeros entraves ao trânsito provocado pelos movimentos paredistas. O prefeito, que muitas  vezes age com o coração,  precisa tomar medidas urgentes para sanar definitivamente  o  problema e entender que não dá para impedir o aumento da tarifa, mas dá para exigir das empresas contrapartidas: mais coletivos nas ruas, mais investimentos na renovação da frota, mais respeito ao usuário. (RH)

SOCORRO ÀS EMPRESAS

Por falar em reajuste, os  deputados estaduais votam hoje, na ALEAM, projeto de lei que autoriza o governo do Estado a conceder subsídio ao serviço público de transporte coletivo urbano convencional de passageiros da ordem  de R$ R$ 1.300.000,00 mensais no período de julho a dezembro de 2016. É mais uma tentativa, que tem se revelado complexa, para assegurar a tarifa de ônibus  em R$ 3,00.

@@@

O total dos repasses mensais até dezembro será da ordem de R$ 7.800.000,00.

A GRANA QUE O CORONEL GASTOU

O ex-diretor do Manaustrans, coronel PM Walter Cruz Júnior, já foi homem de confiança do governo Eduardo Braga  e indicado por ele para dirigir o órgão de trânsito municipal. Mas  usou a ‘coisa pública’ como se fosse privada, sem se importar com os aspectos legais dos gastos. Ontem, no julgamento de suas contas referentes ao ano 2012, surgiu o buraco negro das irregularidades, que somam R$ 10,8 milhões, entre multas e glosa, que ele terá de devolver aos cofres municipais. Junto com ele a Construtora Consladel foi responsabilizada pelos danos causados ao erário.

TJAM QUER R$ 7 MILHÕES. DEPUTADOS RESISTEM 

O presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas , desembargador Flávio Pascarelli, voltou à Assembleia Legislativa  na manhã de ontem para pressionar em favor do resgate de R$ 7 milhões de repasse que a ALEAM havia cortado em 2015 da Corte de Justiça.

@@@

O montante era parte de uma generosa ajuda de R$ 17 milhões que o Legislativo concederia ao Judiciário em 2016, mas que foi cortada depois de uma emenda a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Houve desavença entre os poderes e o governador José Melo foi obrigado a arbitrar a paz aumentando em 0,05% do valor do repasse da ALE-AM a partir deste ano.

@@@

Ontem Pascarelli saiu chateado da ALEAM, mas na manhã desta quarta-feira tentará de novo negociar com a Mesa Diretora do Legislativo Estadual. O relator da LDO 2017, deputado Belarmino Lins (Pros), confirmou ter concluído o seu parecer, mandando para a lata do lixo 32 emendas apresentadas pelos deputados Luiz Castro (Rede), José Ricardo Wendling (PT) e Alessandra Campêlo (PMDB), e avisou: “Não há mais tempestividade para o acolhimento de nenhuma emenda no seio da Comissão de Finanças da ALEAM, a não ser mediante deliberação do plenário”.

APERTANDO O CINTO

Seguindo a meta do governo Temer de estabelecer um limite de contenção à escalada dos gastos públicos, o Senado aprovou ontem a (PEC) que limita os gastos das Assembleias Legislativas e de Tribunais de Contas estaduais. A proposta vai a votação na Câmara dos Deputados e se for referendada legislativos e TCEs terão de manter no próximo ano o mesmo limite de gastos de 2016. Antes da crise atual, a Aleam e o TCE-AM vinham apresentando ano a ano superávit orçamentário e puderam construir sedes próprias e até hoje o tribunal mantém saldo   em aplicações financeiras. A Aleam, após o escândalo do edifício garagem com suspeita de desvio de R$ 5 milhões, não conseguiu se sustentar na crise e vem apertando o cinto desde o ano passado.

MARCELO PESCA NA REDE, MAS SE ENGATA

Marcelo Ramos que tem sido destaque nas últimas eleições pelo bom uso das redes sociais, ontem deu uma de mal pescador e ‘caiu na própria rede’. Sua carreata de campanha “Presente” bombou no face por ter literalmente atravessado a Alameda Cosme Ferreira sem respeitar o canteiro central da via. Os do contra comemoram o flagra, mas o Marcelo também diz um assessor. “Prova que ele continua bem nas redes”.

FAROL DO SARAFA

Comentando a lei do farol baixo, o pré-candidato Serafim Correa disse que ela é aceitável nas zonas rurais, mas “farol baixo nas áreas urbanas, complica a vida das pessoas”. E é o que está acontecendo em Manaus, onde duas rodovias uma federal e uma estadual começam dentro da zona urbana da cidade: a Torquato Tapajós (AM-010, Manaus-Itacoatiara) e a BR-319. Quem trafega nos trechos dentro da cidade é obrigado a usar os faróis acessos “em áreas notoriamente urbanas da cidade de Manaus”.

Por isso Sarafa propôs à prefeitura e governo a mudança do marco zero de ambas – a AM-010 da Avenida Torquato Tapajós para a barreira da Ponte da Bolívia, e a BR-319 da Bola da Suframa para o porto do Careiro.

RETRAÇÃO DE INVESTIMENTOS

Por causa da crise econômica e da desconfiança por parte dos organismos internacionais com o Brasil, o deputado Sabá Reis teme que com o cancelamento dessa licença ambiental para a exploração da silvinita em Autazes, proposta pelo MPF, retraia os investimentos internacionais de R$ 2,5 bilhões no projeto. “Se cancelar eles podem dar uma travada, pra ver que bicho vai dar, o que vai acontecer.” A implantação do projeto da Potássio do Brasil foi autorizada pelo Ipaam, mas o MPF diz que os índios da região não foram ouvidos em audiência pública.

Siga-nos no

ASSUNTOS: Arthur Neto, Manaus, tarifa de ônibus

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.