Presidente afastado da Vale diz ter sido enganado sobre risco em Brumadinho
Em audiência no Senado, o presidente afastado da Vale, Fábio Schvartsman, afirmou hoje que considera ter sido enganado pelos técnicos da empresa e da auditoria externa que não foram capazes de identificar e alertar os riscos de rompimento de uma barragem da mineradora em Brumadinho, em Minas Gerais, em janeiro deste ano.
Segundo o UOL, o executivo foi ouvido na CPI criada no Parlamento para apurar as circunstâncias e causas da tragédia, que vitimou 305 pessoas (212 mortos e 93 desaparecidos).
Depois de o depoente repetir sistematicamente que não havia sido avisado do perigo e argumentar que, por esse motivo, não tinha como responder de forma concreta aos questionamentos dos congressistas, a presidente da comissão, Rose de Freitas (Pode-ES), pediu que ele individualizasse as condutas e perguntou se pretendia processar esses técnicos.
O presidente afastado da Vale não mencionou nomes, mas declarou que tomaria providências cabíveis "contra as pessoas que o enganaram se isso ficar caracterizado".
Posteriormente, Schvartsman afirmou que a Vale já estaria movendo ações judiciais contra a empresa alemã de auditoria externa Tüv Süd, cuja função era avaliar as condições de segurança das barragens e estruturas da Vale. No ano passado, a consultoria contratada emitiu um laudo que atestava a estabilidade em Brumadinho, de acordo com o executivo.
"Essa empresa de auditoria alemã já está sendo processada pela Vale por conta desse relatório que davaa estabilidade à barragem, mas ela se rompeu. Tanto no Brasil quanto na Alemanha", disse ele em referência aos processos.
O relator da CPI, Carlos Viana (PSD-MG), questionou Schvartsman sobre o entendimento dele acerca da responsabilidade pela tragédia. "Se houver, certamente é da área técnica", disse. Na visão dele, não há dúvida que "algo extremamente errado" ocorreu, porém não seria possível atribuir culpa à direção da mineradora.
"Eu faço minha a sua indignação", declarou ele em referência ao senador Otto Alencar (PSD-BA), proponente da comissão. "Se não fiz [nada], foi por absoluta falta de informação a respeito."
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