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Empresa alemã atuou com a Vale para dificultar fiscalização, diz promotor

Por Portal Do Holanda

20/03/2019 9h42 — em
Brasil


Foto: Reprodução/JN

O coordenador do núcleo criminal do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que apura a tragédia em Brumadinho, promotor William Garcia Pinto afirmou que a consultoria alemã TÜV SÜD tem sido usada pela Vale para dificultar a fiscalização sobre a segurança de barragens no Brasil. A empresa foi responsável por atestar a estabilidade da barragem B1 da mineradora, que se rompeu no dia 25 de janeiro.

Segundo o G1 Minas Gerais, a Defesa Civil Estadual identificou 209 mortos e 97 ainda estão desaparecidos.

A declaração de William Garcia ocorreu durante um evento em Belo Horizonte, que debateu a corrupção no Brasil e as investigações desses casos no país. Durante o painel, o promotor disse que a empresa alemã tem corrompido o modelo de certificação de estabilidade de barragens.

"A atuação da TÜV SÜD no Brasil nós entendemos que ela está dentro da lei de corrupção, em uma perspectiva mais ampla do conceito de corrupção. A atuação da TÜV SÜD foi determinante para obstaculizar ou dificultar as atividades dos órgãos de fiscalização e controle, a partir do momento em que eles certificam a estrutura da barragem e eles corrompem todo o modelo de certificação brasileiro de segurança de barragens".

O promotor usou como exemplo uma investigação aberta pelo MPMG, em 2015, logo após o desastre da Samarco em Mariana. Na ocasião, William Garcia determinou a apuração da situação de todas as barragens em Brumadinho, inclusive, a B1, da Mina do Córrego do Feijão da Vale.

Ele explicou que, em junho de 2018, a TÜV SÜD deu um laudo de estabilidade à Vale, em relação à barragem B1. Simultaneamente, uma geológa do Ministério Público encaminhou à Promotoria de Brumadinho, um pedido de documentos completares para análise aprofundada da estrutura. Cinco meses depois, um advogado da Vale protocolou o pedido de arquivamento do inquérito sobre a B1, após apresentar laudos da TÜV SÜD, que atestavam que não haviam riscos.

"E ele juntou dois CDs com diversos documentos, principalmente o certificado de declaração de condição de estabilidade da empresa alemã. Que até hoje, em muitas informações públicas, a Vale se utiliza, se escuda, na potencial credibilidade da empresa pra dizer que não sabia ou que não tinha informação suficiente. Então a empresa, por exemplo, foi usada para dificultar a atividade da investigação do Ministério Público e tirar do radar do poder público, a prioridade daquela barragem que estava tão crítica, que em menos de 2 meses depois se rompeu", afirmou Garcia.

O promotor esclareceu que o inquérito está em fase de apuração de uma série de provas colhidas com os suspeitos, como, por exemplo, a análise de 78 dispositivos eletrônicos apreendidos. Segundo William Garcia, são 23 investigados até o momento, entre executivos e funcionários da Vale, além de engenheiros da consultoria TÜV SÜD.

Procurada, a Vale disse que não comenta investigações em andamento. Já a consultoria TÜV SÜD disse que não comenta investigações em curso.


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

ASSUNTOS: barragem, Brumadinho, vale, Brasil

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