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Zelenski discursa no Festival de Cannes, pede glória à Ucrânia e é ovacionado

Por Folha de São Paulo

17/05/2022 16h08 — em
Arte e Cultura



CANNES, FRANÇA (FOLHAPRESS) - Numa aparição-surpresa, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski falou ao vivo de Kiev na abertura do Festival de Cannes, na noite de terça (17). O vídeo foi transmitido antes da estreia mundial de "Coupez!", de Michel Hazanavicius, numa sessão de gala que contou com a presença de celebridades como os atores Édgar Ramírez, Julianne Moore, Rossy de Palma, Nicolaj Coster Waldau e Valeria Golino.

"No dia 24 de fevereiro a Rússia começou uma guerra de grandes proporções contra a Ucrânia", disse Zelenski. "O cinema não deve se calar. Todos os dias, nós encontramos valas comuns. Eles só matam, matam, matam. Vocês viram Butcha, vocês viram Mariupol. O inferno não é o inferno, a guerra é pior. A responsabilidade é de uma só pessoa", disse, sem citar Vladimir Putin. "Glória à Ucrânia", pediu ele.

Citando "O Grande Ditador", clássico feito no calor da Segunda Guerra e que desanca a figuras de Hitler, Zelenski afirmou que "precisamos de um novo Chaplin, que mostre que o cinema não está mudo".

A fala-surpresa do líder ucraniano coroou aquilo que deve dar o mote da 75ª edição do mais importante mostra de cinema do mundo e um dos principais eventos de cultura da Europa –a sombra da invasão russa ao país vizinho, que mergulhou o continente num conflito de escalas que por aqui não eram vistas desde a Segunda Guerra Mundial.

Não por acaso, o próprio festival nasceu em 1946, numa Europa arrasada pelos escombros, como fruto de uma ideia que havia germinado anos antes, a de ser uma resposta, no campo da cultura, à influência das ditaduras nazifascistas de Hitler e Mussolini.

"Poderíamos pensar que o mundo inteiro havia compreendido que é possível conquistar as pessoas pela beleza diante de uma tela, não pelos ataques aéreos", continuou Zelenski, rememorando essa origem de Cannes nos anos 1940. "Mas de novo, como naquela época, há um ditador. Novamente há uma guerra pela liberdade. Nós vamos continuar lutando, não temos escolha. Eu estou convencido de que o ditador vai perder."

"Não se desesperem, o ódio vai desaparecer e os ditadores morrerão. Nós precisamos do cinema, que vai assegurar esse fim, porque, toda vez, ele está do lado da liberdade", finalizou.


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