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Sergio Mendes ganhou Grammy, musicou 'Rio' e virou hit com Black Eyed Peas

Por Folha de São Paulo

06/09/2024 13h30 — em
Arte e Cultura



SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Sergio Mendes morreu nesta sexta-feira (7), aos 83 anos. O músico foi um dos responsáveis por exportar a música brasileira, levando o samba e a bossa nova para o mundo.

Mendes começou a carreira como pianista clássico e trabalhou com artistas de renome. Entre seus primeiros colaboradores estão Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Baden Powell.

Ele se mudou para os EUA em 1964, fugindo da ditadura militar. Em entrevista à revista Veja, ele contou que foi levado para depor após enviar um telegrama para o pintor Wesley Duke Lee, que dizia: "Rodriguinho Barra Limpa, o primeiro realista mágico de Niterói. Avisa ao Tio Lee que a ordem do dia é fralda larga e leite morno". Ele anunciava o nascimento do primogênito, Rodrigo.

Após alguns lançamentos sem sucesso, Mendes estourou no exterior com o grupo Brasil '66. A música propulsora foi a versão em bossa nova de "Mas que nada", de Jorge Ben Jor, lançada em 1966. Anos depois, ele regravou a música com o grupo Black Eyed Peas.

Em 1967, o músico ganhou ainda mais destaque ao apresentar a faixa "The Look of Love" no Oscar. A música, lançada originalmente por Burt Bacharach e popularizada por Dusty Springfield no filme "Casino Royale", alcançou o 4º lugar nas rádios dos EUA na versão bossa nova. O sucesso não se limitou aos Estados Unidos, e Mendes se tornou um grande nome da música brasileira no Japão.

Uma das curiosidades da vida de Mendes é que seu estúdio foi construído por Harrison Ford, antes da fama. O astro de "Star Wars" e "Indiana Jones" era carpinteiro antes de ser ator, e construiu um estúdio musical para Sergio Mendes nos EUA. O local acabou sendo destruído por um terremoto.

Mendes foi premiado com um Grammy em 1993, com o álbum "Brasileiro". Apesar de ter sido indicado pela primeira vez em 1969 com um cover de "The Fool on The Hill" dos Beatles (elogiado em carta pelo próprio Paul McCartney), o único trabalho do músico a ser premiado pelo Grammy foi o disco "Brasileiro", na categoria Melhor Álbum de World Music. O disco conta com ampla colaboração de Carlinhos Brown.

"Magalenha", um dos maiores sucessos de Mendes, composta por Carlinhos Brown, está no disco premiado. Esta é a faixa de Sergio Mendes mais ouvida em plataformas de streaming, acumulando mais de 115 milhões de reproduções.

Sergio foi indicado outras três vezes ao prêmio, e ganhou dois prêmios no Grammy Latino. Em 2005, ele foi homenageado com o prêmio de Excelência Musical por sua contribuição para a música latina. Em 2010, venceu na categoria de Melhor Álbum de Pop Contemporâneo Brasileiro com "Bom Tempo".

Em 2006, Mendes regravou "Mas que nada" com o grupo americano Black Eyed Peas. A música fez sucesso nas rádios e virou tema de abertura do programa Estrelas (Globo), apresentado por Angélica.

Em 2011, Sergio concorreu ao Oscar na categoria de Melhor Canção Original, com "Real in Rio". A música faz parte da trilha sonora da animação "Rio", que teve Mendes e John Powell como produtores executivos.

Em 2020, o documentário "Sérgio Mendes: No Tom da Alegria" contou a história de Mendes. A obra traz entrevistas de Gracinha Leporace, sua mulher e parceira musical, Harrison Ford, Carlinhos Brown, will.i.am e outros colaboradores musicais.


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