Compartilhe este texto

Saiba que obras de arte podem sair do Brasil e como o governo pode impedir

Por Folha de São Paulo

12/08/2022 14h38 — em
Arte e Cultura



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O caso do suposto roubo de quadros de artistas como Tarsila do Amaral, Cícero Dias e Di Cavalcanti do acervo de Geneviève Rose Coll Boghici, no Rio de Janeiro, acende um alerta para outras obras brasileiras que podem sair do país em escândalos similares.

Neste que é um dos mais recentes escândalos das artes plásticas brasileiras, Sabine Boghici, filha de Geneviève, é acusada pela polícia de ter enganado a mãe para subtrair algo em torno de R$ 720 milhões, incluindo obras de arte, que teria vendido ilegalmente. A coleção foi adquirida pelo patriarca Jean Boghici, um dos mais influentes marchands brasileiros morto há sete anos. Sabine foi presa na manhã desta quarta-feira (10).

Tendo feito parte da coleção da família, as obras "Elevador Social", de Rubens Gerchman, de 1966, e "Maquete para o Meu Espelho", de Antonio Dias, de 1964, estão na Argentina, onde se tornaram parte da coleção privada de Eduardo Costantini, fundador do Malba, o Museu de Arte Latino-Americano, situado em Buenos Aires.

Ainda que não sejam tombadas —como o quadro "Sol Poente", um dos quadros mais emblemáticos da modernista resgatado pela polícia na investigação, as obras de Dias e Gerchman, dois artistas importantes para a vanguarda dos anos 1960, ilustram como o acervo de artes plásticas no Brasil pode sofrer rombos através de supostas vendas ilegais.

Nestes casos, a legislação brasileira prevê que o Estado pode comprovar que determinada obra tem importância para o repertório nacional e demandar seu retorno. De acordo com Marcelo Frullani, advogado especializado pela USP, "os órgãos internacionais preveem que deve haver restituição do bem quanto ele é exportado de forma ilícita", com o objetivo de proteger não só o proprietário, mas o patrimônio cultural do Brasil.

Fica também estabelecido que a devolução deve respeitar as convenções internacionais. E isso não afasta a possibilidade de quem adquiriu a obra comprovar boa-fé na compra com documentos e registros --e até pedir uma indenização ao prová-lo.

Também investigadas, as obras de Dias e Gerchman sediadas no Malba foram adquiridas com intermediação do galerista paulistano Ricardo Camargo. "Na medida em que colaborou e segue colaborando com as investigações, também em atenção ao seu dever de sigilo profissional, Ricardo Camargo não comentará o caso no momento", afirmou o galerista em nota.


Siga-nos no
O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

ASSUNTOS: Arte e Cultura

+ Arte e Cultura