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Rock in Rio Lisboa tem dia com revival oitentista e protestos contra Bolsonaro

Por Folha de São Paulo

26/06/2022 10h03 — em
Arte e Cultura



LISBOA, PORTUGAL (FOLHAPRESS) - O primeiro dia de shows do final de semana que encerra a edição pós-pandêmica do Rock in Rio Lisboa -e que antecipa algumas das atrações que serão vistas no retorno brasileiro do festival, em setembro-- começou com manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), terminou com um pedido de paz pela Ucrânia, em guerra contra a Rússia e reuniu cerca de 70 mil pessoas na Cidade do Rock portuguesa, no Parque da Boa Vista.

Logo no começo da tarde deste sábado, 25, e sob sol forte, a banda paulista Francisco, el Hombre fez várias críticas ao presidente para uma plateia pequena, mas animada, que exibia bandeiras estampadas com o rosto do candidato à presidência Lula e também contrárias a Bolsonaro.

Quem também representou o Brasil na edição lusitana do festival foi Ney Matogrosso, que fez seu primeiro show internacional desde que a pandemia começou. Ele passeou por clássicos da música nacional que foram de Martinho da Vila a Chico Buarque e fez reverência a imagens de indígenas que eram exibidas no telão.

Outro grupo que usou o telão para passar mensagens para o público foi o Duran Duran, que fechou o palco principal do festival com um show que caprichou nos sintetizadores que são marca da banda -e que agradou o público mais velho, maioria neste dia- e dedicou "Ordinary World" aos ucranianos.

Os sintetizadores oitentistas que hoje ecoam em hits de The Weeknd, Dua Lipa e Harry Styles, que embarcaram no revival dos anos 1980 em seus trabalhos mais recentes, também reinaram no show do A-Ha, que levantou milhares de celulares para o alto nos primeiros acordes de "Take on Me", um dos maiores sucessos daquela década e hit absoluto da banda.

Veja, abaixo, um resumo dos principais shows do penúltimo dia do Rock in Rio Lisboa, que neste domingo, 26, receberá ainda atrações como Anitta, Post Malone, Johnny Hooker e Jason Derulo.

Francisco, el Hombre

A banda paulista foi a primeira representante brasileira a subir ao palco no segundo final de semana de shows do Rock in Rio Lisboa. Debaixo do sol forte das 15h30 e tocando para um público pequeno, mas engajado, o grupo teve a apresentação marcada por manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro.

Logo no início do show, o vocalista Sebástian pediu para a plateia -que acompanhava com alguns gritos e camisetas estampadas com mensagens contra Bolsonaro e a favor de Lula- levantar o punho fechado para o alto em "respeito a toda força antifascista brasileira". A menção ficou ainda mais clara durante a música "Bolso Nada", de 2016, que tem como refrão a frase "esse cara escroto, muito escroto" e chama Bolsonaro de fascista.

A banda que também se apresentará na edição brasileira do festival, em setembro, antecipou a ainda não lançada "Arranca a Cabeça do Rei", dedicada a "quem vai, a partir do dedo, do voto, arrancar a cabeça do rei".

Bush

A banda de rock inglesa abriu o Palco Mundo, o principal do festival, para um público fiel que acompanhou com palminhas e cabeças batendo as músicas do álbum mais famoso do grupo, "Sixteen Stone", de 1994, lançado apenas dois anos depois do Bush ser criado.

Entre hits como "Glycerine" e "Comedown", Gavin Rossdale, o vocalista, comentou a pandemia e o reencontro com o público. "Que últimos dois anos horríveis nós tivemos. A música é tudo, é a resposta".

Ney Matogrosso

Um dos artistas mais esperados do lineup de sábado, 25, o cantor sul-mato-grossense começou seu show às 20h, mas ainda era dia e fazia calor em Lisboa.

"Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua", canção de 1972 de Sérgio Sampaio -que batiza a turnê que Ney vem fazendo desde antes da pandemia- abriu a apresentação que marcou o retorno do cantor aos palcos internacionais após mais de dois anos de pausa por causa da Covid-19.

Acompanhado por um público bem maior do que o palco que Ney ocupava, na ponta da Cidade do Rock lusitana, o cantor passou por composições como "Pavão Mysteriozo", de Ednardo, "Como 2 e 2", escrita por Caetano Veloso e famosa na voz de Gal Costa e "Iolanda", de Chico Buarque, cantado pelo público português, além do clássico "Sangue Latino", dos Secos e Molhados. Em "Ponta do Lápis" ele abriu os braços e reverenciou o telão, onde eram projetadas imagens de indígenas.

A-Ha

Embora os sintetizadores vindos direto dos anos 1980 da banda A-Ha soem bem atuais em meio ao revival que o mundo da música viu nos últimos anos, a canção mais recente do setlist que o grupo preparou para o show do Rock in Rio Lisboa deste sábado, 25, já completou 13 anos -é "Foot of the Mountain", que também dá nome ao último disco que o grupo lançou, em 2009, logo antes de entrar em um hiato que acabou em 2015.

O show celebra, com dois anos de um atraso pandêmico, os 35 anos do lançamento do primeiro álbum dos noruegueses, "Hunting High and Low", que guarda "Take on Me", hit supremo da banda de synth pop. Ao vivo, o refrão chiclete e o ritmo dos sintetizadores fizeram milhares de celulares instantaneamente se levantarem para filmar o palco e os telões, que passavam o clássico clipe em animação que ajudou a alçar o grupo à fama.

O grupo ainda emendou músicas como "The Sun Always Shine on T.V.", "I've Been Losing You", "The Living Daylights". A banda se prepara para fazer seis shows da mesma turnê no Brasil, mas fora do Rock in Rio --dois deles em São Paulo, no Espaço Unimed, nos dias 18 e 19 de julho.

Duran Duran

O new wave cheio cheio de sintetizadores da banda inglesa formada em 1978 caiu bem após o A-Ha. A banda contemporânea ao grupo norueguês encerrou a programação do Palco Mundo com um setlist também cheio de hits de décadas atrás, como "Rio", "Hungry Like the Wolf" e "Come Undone".

Ao contrário da banda que a sucedeu no lineup do palco principal, no entanto, o Duran Duran parece tentar dialogar mais com os sons de hoje. A começar pelas quatro músicas do disco mais recente do grupo, "Future Past", de 2021, que entraram no setlist desta noite -"Give it All Up", inclusive, é uma colaboração com a cantora de indie pop sueca Tove Lo.

O vocalista do grupo, Simon Le Bon, dedicou "Ordinary World", um dos maiores sucessos da banda, aos ucranianos. "As pessoas da Ucrânia estão sofrendo com uma experiência inexplicável, inimaginável. Nós gostaríamos de dedicar esta música aos ucranianos, nós desejamos a eles amor, bondade, alegria, vida e sucesso em seu país. Essa música é sobre acreditar na bondade do mundo e da raça humana", disse antes de começar a música com a bandeira ucraniana estampada nos telões.

"Save a Prayer" também foi cantada como um pediudo de paz, com celulares com as lanternas ligadas iluminando a cidade do rock e pombinhas brancas projetada.

A repórter viajou a convite do Rock in Rio Lisboa


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