Imagine Dragons, no Rock in Rio, faz show com suor, hits e fala sobre saúde mental
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Quando tirou a camiseta, nos primeiros minutos do show do Imagine Dragons, o vocalista Dan Reynolds incentivou outros na plateia a fazerem o mesmo. Viu-se, por cima das cabeças, várias camisetas sendo rodadas. Fazia calor no Rock in Rio, mesmo à meia-noite, na virada do sábado para o domingo.
Criou-se ali uma cumplicidade entre a banda e o público brasileiro que se estendeu por toda a apresentação de quase duas horas. Se "Thunder" já tinha aquecido no começo, a faixa seguinte, "Bones", fez o povo suar de verdade. Reynolds, também molhado, estendeu a bandeira do Brasil no fim da performance, selando de vez sua parceria com a plateia.
O Imagine Dragons é um velho conhecido dos brasileiros. Já se apresentou no próprio Rock in Rio, em 2019, duas vezes no Lollapalooza, e no ano passado fez shows em São Paulo, Curitiba e no Rio de Janeiro.
Agora, trazem a turnê do recém-lançado disco "Loom" --é uma faixa dele, "Fire in These Hills", que abre o show. Mas, ainda que essa e outras canções do repertório sejam pouco famosas, é difícil desviar a atenção do show. Reynolds tem um certo magnetismo, uma fome pelo palco, e um jeito muito próprio de controlar a plateia. Fora o vozeirão, apropriado para os momentos mais apoteóticos da apresentação.
Um deles é "Whatever It Takes", faixa cheia de vogais estendidas no refrão, para o público cantar em uníssono. É um tanto parecido com o hit "Radioactive", de refrão também grudento, e que no show ganha um pedaço extra só com bateria, muita luz piscando e fumaça pelo palco. Faz jus ao tamanho do sucesso da música, que levou a banda subir de patamar há pouco mais de dez anos.
O Imagine Dragons foi formado no fim dos anos 2000, mas só fez sucesso depois, em 2012, com o disco "Night Visions". Encontrou ali uma geração sedenta por pop rock comercial, bem radiofônico. E manteve sua popularidade desde então.
A certa altura do show, Reynolds fez um discurso sobre saúde mental. Disse que criou a banda durante um momento cinzento da sua vida, sem muita alegria, quando ainda não tinha achado o jeito certo de expressar seus sentimentos. "Se isso acontecer com você, procure ajuda, faça terapia", ele disse.
Depois cantou "Walking the Wire", canção sobre enfrentar o que quer que aconteça, ainda que se esteja numa corda-bamba. É um discurso motivacional, que pode ser considerado clichê por alguns, mas que caiu bem entre aquela plateia, onde se via aplausos, gritos e até lágrimas. "Sua vida merece ser vivida", dizia uma placa que Reynolds segurou.
Agora formado pelo vocalista, o baixista Ben McKee e o guitarrista Wayne Sermon, o trio era quarteto até ano passado, quando o baterista Daniel Platzman deixou os colegas. A sintonia entre os três que restaram é notável.
"Believer", que encerra o show, é outro momento apoteótico, que mostra a facilidade que a banda tem de comandar um festival, onde talvez não sejam conhecidos a fundo por todo o público, como seria num show solo. Aproveitaram, então, para fazer uma apresentação potente, divertida e consistente. Quem sabe saem dali com umas dezenas ou centenas de fãs novos.
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