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Black Sabbath traz ao Rio sua turnê de despedida, em dezembro

Por Agência O Globo

26/10/2016 4h27 — em
Arte e Cultura



“Este é o começo do fim? Ou o fim do começo?” O autor dos versos acima, um respeitável senhor de 67 anos chamado Terence Michael Joseph Butler — mas que entrou para a história como Geezer, uma forma de dizer “ei, cara!” na sua juventude, nos cafundós de Birmingham, Inglaterra —, trata o fim como algo inevitável, burocrático, até.

— Devemos gravar um DVD em nossos últimos shows no Reino Unido, em 2017 — anuncia ele em breve papo por e-mail.

O fim dos tempos, anunciado de forma soturna pelo Black Sabbath há quase 50 anos, chegou, e os cavaleiros do Apocalipse passam pela Praça de Apoteose, no Rio, no dia 2 de dezembro. É a turnê “The end”, que marca o fim das atividades de Geezer Butler, baixista e letrista do grupo fundado em 1968, ao lado do cantor Ozzy Osbourne e do guitarrista Tony Iommi sob o nome Black Sabbath. No palco, o grupo é reforçado pelo baterista Tommy Clufetos (Bill Ward, que fundou o Sabbath com os colegas em Birmingham, não quis voltar, após desentendimentos com Ozzy) e pelo tecladista Adam Wakeman (sim, filho de Rick Wakeman, como se não houvesse lendas vivas o suficiente no palco). Além do Rio, a banda, em uma excursão pela América Latina que começa no dia 16 de novembro na Cidade do México, passa por Porto Alegre (28/11), Curitiba (30/11) e São Paulo (4/12). O grupo Rival Sons abre os shows.

Depois de ver tudo e mais um pouco nesse meio século de rock pauleira, Geezer, autor de letras clássicas da banda — da poesia macabra que ajudou a rotular o quarteto como inventor do gênero heavy metal em músicas como “Black Sabbath”, “Sabbath, bloody sabbath” e “Symptom of the universe” —, trata a despedida com a sinceridade (e até uma certa ) típica dos velhos roqueiros.

— A turnê está incrível — resume. — Quando acabar, imagino que Ozzy retome sua carreira solo. Quanto a mim e a Tony, ainda não sei o que faremos, além de aproveitar um tempo de férias em casa.

FORMAÇÃO CLÁSSICA SÓ VEIO UMA VEZ

Tony Iommi, o criador dos riffs que consagraram a banda e o único que levou o nome Black Sabbath à frente no entra e sai de músicos que virou o grupo após a saída de Ozzy, em 1979, tem mais motivos para descansar: ele teve um linfoma diagnosticado em 2012, e passou por tratamento na turnê anterior do grupo, a que promovia o disco “13” e passou pelo Brasil em novembro de 2013. Três anos depois, no próximo dia 2 de dezembro, o Black Sabbath voltará à Praça da Apoteose para o capítulo final de sua breve relação com o Rio — não é que a banda tenha esnobado o Brasil, o problema é que ela, em sua formação clássica, existiu por pouco tempo. Na década de 1970, Ozzy, Iommi, Geezer e Ward estavam juntos, mas eram raríssimos os shows de rock internacional no país. Depois, a banda esteve por aqui com outras escalações, que inclluíam, por exemplo, o baixote Ronnie James Dio, substituto de Ozzy que gravou com o Sabbath os discos “Heaven and hell” (1980) e “Mob rules” (1981), o cantor mais lado B Tony Martin e outros músicos. A formação clássica do quarteto de Birmingham, e ainda assim sem Bill Ward, o Brasil só viu mesmo em 2013.

— É uma pena, não é? — lamenta Geezer, que esteve no país em todas as vindas das formações alternativas do Sabbath e ainda veio acompanhando Ozzy em 1995, quando aproveitou para ir ver um jogo de Romário no Maracanã. — Mas o mundo era menor, naquela época o circuito das turnês era muito mais limitado. Por outro lado, vocês nos verão mais uma vez em plena forma e com a tecnologia de hoje em dia. Na atual turnê, temos novos sistemas de luz e vídeo, além dos melhores técnicos de som (), com os quais passamos horas aperfeiçoando o funcionamento dos equipamentos.

Até reunir-se para gravar o disco “13”, lançado em 2013 — o anterior, “Forbidden”, é de 1995, com apenas Iommi e seus funcionários na ficha técnica —, o Black Sabbath clássico passou 34 anos sem entrar seriamente em um estúdio. A banda existiu por boa parte dos anos 1990, revezando-se com Ozzy solo no posto de atração principal do festival itinerante Ozzfest, criado pelo Príncipe das Trevas em parceria com sua mulher e empresária, a tinhosa Sharon Osbourne. No entanto, dessa reunião saiu apenas o apropriadamente intitulado disco ao vivo “Reunion” (1998), que tinha duas músicas novas, das quais ninguém se lembra.

O repertório da atual turnê tem a liberdade de não ter que se basear em um disco, o que não acontecia em 2013. Em um show habitualmente com 14 músicas, no entanto, falta muita coisa.

— Nós começamos a pensar na lista com os clássicos do Sabbath, como “Iron man”, “Paranoid”, “War pigs” e “Children of the grave”, depois metemos algumas músicas um pouco mais obscuras, como “Hand of doom” e “After forever” — adianta Geezer. — Na turnê anterior, tínhamos a obrigação de tocar algumas músicas do disco “13”, e agora nossa concentração é no repertório de “Paranoid” (1970, que tem contribuído para o setlist com até seis de suas oito músicas).

Além desses critérios, existem as preferências pessoais dos músicos, é claro.

— Eu adoraria incluir nos shows canções como “Sweet leaf”, “Sabbath bloody sabbath” e “Symptom of the universe”, mas Ozzy não gosta de cantá-las.


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