A castanha-da-amazônia é a principal fonte de renda dos extrativistas
A castanha é a principal fonte de renda da família do extrativista. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o fruto ocupa o segundo lugar do ranking dos produtos não madeireiros mais extraídos na Região Norte, perdendo apenas para o açaí.
A coleta da castanha-da-amazônia é tradição no povo Paiter Suruí, A terra indígena onde vivem os Paiter, a Sete de Setembro, fica ao norte de Cacoal (RO) e tem quase 1,4 mil indígenas, de acordo com o Instituto Socioambiental (ISA). Os indígenas, porém, estão entre os muitos do bioma brasileiro que são ameaçados por invasões de madeireiros e, consequentemente, com o avanço do desmatamento.
Para Rubens Suruí, coordenador da Associação Metareilá do Povo Indígena Suruí, a atividade econômica gerada pela castanha-da-amazônia ajuda a frear tais invasões e, assim, protege e conserva a floresta. Com a presença dos indígenas nos castanhais na época de coleta, por exemplo, os invasores acabam se escondendo, o que inibe as atividades ilícitas na reserva.
A agricultura itinerante, prática indígena que existe há milhares de anos na Amazônia, também auxilia na renovação do ambiente florestal por meio dos castanhais. O trabalho consiste em derrubar trechos das florestas e depois fazer a limpeza dos resíduos do corte.
"(Os indígenas) cortam uma vegetação de uma área, queimam, plantam ali por um ou dois ciclos, depois abandonam aquela área e vão fazer a roça em uma outro terreno. E por 7, 8 anos já está praticamente uma floresta de novo", complementou Marcelino Guedes, especialista em Castanha do Brasil pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) do Amapá.
Um segundo contribuinte da fauna e flora local é a cutia, mamífero roedor de pequeno porte que consegue retirar as sementes do ouriço – que pode ter entre 12 e 16 frutos, a depender do tamanho. Depois que se alimenta até se saciar, o animal enterra algumas sementes para comer, mas acaba esquecendo onde guardou algumas delas. Com esse processo, o mamífero mantém viva a cadeia do fruto.
Para o analista de mercado da Conab Humberto Pennacchio, a castanha da Amazônia tem grande potencial para aumentar as vendas nacionais e até internacionais. A safra 2021 recomeça neste mês de janeiro e se estende por um período de pelo menos dois meses, podendo chegar até três dependendo da região. Quando o preço se torna atrativo, evidentemente que vou produzir mais, vou me esforçar mais para ter uma maior oferta desse produto. É quando os compradores tentam estabelecer ou estabelecem um acordo junto ao extrativista para poder precificar esse produto e buscá-lo.
Como forma de ajudar os extrativistas e indígenas a aumentar a coleta, empresas têm apostado no recolhimento de dados por meio do método de biomonitoramento, que ajuda a mensurar a qualidade do ambiente com base nas alterações que a área já sofreu.
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